Eidorfe Moreira e empoderamento da Agenda 2030 global pela comunidade local.

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EIDORFE MOREIRA: 
EXPRESSÃO GEOCULTURAL AMAZÔNICA.


No campo político, a Amazônia brasileira ainda carece de grandes nomes no diálogo nacional, pan-amazônico e mundial capazes de mobilizar a sociedade regional ao advento de uma fase histórica pós-colonial encerrando, de fato, o neocolonialismo interno em todos sentidos. Todavia, por outra parte, sob conceito antropoecocultural a amazonidade, tendo concurso incontornável do filósofo Benedito Nunes na interpretação do pensamento de Eidorfe Moreira, ressalta da obra deste notável intelectual orgânico como consenso sobre a síntese de estudos amazônicos. Ou, melhor, aquilo que, genericamente, se poderia classificar como amazonologia

É claro que vários outros intelectuais amazônicos dão valiosa contribuição ao todo, cada um em seu respectivo ramo de especialidade formando a vasta diversidade de interpretações da realidade amazônica. Em contínua evolução desde tempos pré-coloniais até os nossos conturbados dias sob pressão angustiante do amanhã de nossos filhos e netos.  

Pergunta-se aonde vamos e a resposta não é fácil nem simples de encontrar. Muitas vezes, a explosão de religiosidade entre as populações tradicionais longe de representar a identidade da cultura regional é expressão de um sentimento inferioridade e insegurança face à cultura complexa "mais forte" (dominante)... O caboco diletante que vos fala, acredita que a chamada Criaturada grande de Dalcídio Jurandir (populações tradicionais) muito tem a ensinar e também para a aprender dentro do sistema nacional de universidades abertas à terceira idade. 

Porém, apesar da infovia que já está à disposição e o que falta completar, a plataforma tecnológica pode oferecer muito mais em extensão universitária e educação continuada. De sorte, que um grande mestre como Eidorfe Moreira lido e compreendido, mais ou menos, por um caboco diletante, possa vir a ser traduzido em "caboquês". Assim, em rede virtual e real do embalo na hora da sesta pelas beiras de rios e igarapés a poderosa rádio cipó leve mato adentro o pensamento acadêmico. 

A contrapartida da rádio cipó extensionista virá, invariavelmente, através da rede de rádios comunitárias, escolas ribeirinhas, parceiras de ecomuseus e museus comunitários. A obra de Eidorfe dialoga com a filosofia da complexidade e a proposta planetária de um Edgar Morin, por exemplo. É consensual que os estudos de Eidorfe Moreira primam pela transversalidade de disciplinas e a diversidade de temas com ênfase na Amazônia. 

O problema amazônico não é só o parco número de mestres e doutores na região, mas primeiramente o alto número relativo de analfabetos adultos e analfabetos funcionais na população. Os cidadãos que sabem ler e escrever não tem gosto pela leitura, com poucas exceções, estão satisfeitos pelo noticiário de televisão e manchetes da imprensa. Em maioria absoluta, cargos de direção e assessoramento de governos municipais, estaduais e órgãos federais na região ou empresas são preenchidos por técnicos e burocratas que, orgulhosamente, desprezam poesia e filosofia. 

Especialistas em suas prestigiadas profissões, herméticas aos leigos, frequentemente são analfabetos funcionais nas profissões de seus pares acadêmicos, Muitos deles se gabam de não ler relatórios e textos com mais de três páginas. Os dispendiosos planos de "desenvolvimento" não se sustentam na realidade. Paradoxalmente, uma obra de ficção como o romance "Marajó" de Dalcídio Jurandir, escrito em 1939 na vila de pescadores artesanais de Salvaterra, distrito de Soure à época; continua em estranha atualidade. Vicente Salles viu nessa obra o primeiro romance sociológico brasileiro e de longe uma filiação ultramarina ao romance medieval ibérico de Dona Silvana... Mas a quem ele se dirige não sabe ler nem escrever... Por que será? Se o diplomado e doutorado filho do fazendeiro alguma vez foi a Portugal e voltou de lá tão ignorante da história social dos dois países como foi.

A "cerca" do latifúndio e o muro do condomínio urbano de luxo não apenas afastam ladrões de gado e assaltantes, mas também isolam ricos e pobres de um contato menos distante entre si. O resultado é um povo que não se sente incluído na sociedade e uma sociedade que não conhece o território onde ela habita e dele se sustenta. Não é preciso fazer uma tese para saber que assim a sociedade regional fica refém do passado. 

COMO A CRIATURADA GRANDE HÁ DE SE EMPODERAR DOS OBJETIVOS DA AGENDA 2030?





Dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
O documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - Rio+20 dispõe que o desenvolvimento de objetivos e metas, tal qual aplicado em relação aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, seria útil na busca do desenvolvimento sustentável, por meio de ações focadas e coerentes.
Decidiu-se estabelecer um processo intergovernamental inclusivo e transparente que fosse aberto a todos, com vistas a elaborar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Após mais de três anos de discussão, os líderes de governo e de estado aprovaram, por consenso, o documento “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. A Agenda é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade. Ela busca fortalecer a paz universal com mais liberdade, e reconhece que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extrema, é o maior desafio global ao desenvolvimento sustentável. As ações da Agenda 2030 e dos ODS são baseadas em cinco eixos de atuação, também conhecidos como cinco "P´s": planeta, pessoas, paz, prosperidade e parcerias.

A Agenda consiste em uma Declaração, 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e as 169 metas, uma seção sobre meios de implementação e de parcerias globais, e um arcabouço para acompanhamento e revisão.
O conjunto de objetivos e metas demonstram a escala e a ambição desta nova Agenda universal. Os ODS aprovados foram construídos sobre as bases estabelecidas pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), de maneira a completar o trabalho deles e responder a novos desafios. São integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental.
Aprovados na Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável (25-27 de setembro 2015), a implementação dos ODS será um desafio, o que requererá uma parceria global com a participação ativa de todos, incluindo governos, sociedade civil, setor privado, academia, mídia, e Nações Unidas.
Do global para o local
Os ODS, embora de natureza global e universalmente aplicáveis, dialogam com as políticas e ações nos âmbitos regional e local.
Na disseminação e no alcance das metas estabelecidas pelos ODS, é preciso promover a atuação dos governantes e gestores locais como protagonistas da conscientização e mobilização em torno dessa agenda.

Objetivos

Em setembro de 2015, 193 países acordaram os seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:[1]

  1. Erradicação da pobreza - Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
  2. Fome zero e agricultura sustentável - Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável.
  3. Saúde e bem-estar - Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
  4. Educação de qualidade - Assegurar a educação inclusiva, e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
  5. Igualdade de gênero - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
  6. Água limpa e saneamento - Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos.
  7. Energia limpa e acessível - Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e renovável para todos.
  8. Trabalho de decente e crescimento econômico - Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para todos.
  9. Inovação infraestrutura - Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação.
  10. Redução das desigualdades - Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.
  11. Cidades e comunidades sustentáveis - Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
  12. Consumo e produção responsáveis - Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
  13. Ação contra a mudança global do clima - Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos (*).
  14. Vida na água - Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares, e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.
  15. Vida terrestre - Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da Terra e deter a perda da biodiversidade.
  16. Paz, justiça e instituições eficazes - Promover sociedades pacíficas e inclusivas par ao desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
  17. Parcerias e meios de implementação - Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
(*) Reconhecendo que a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) é o fórum internacional intergovernamental primário para negociar a resposta global à mudança do clima

ECOMUSEUS E MUSEUS COMUNITÁRIOS DEVEM SER  
CORAÇÃO PULSANTE DE CIDADES EDUCADORAS


Entre os dias 1 e 4 de junho deste ano, a cidade de Rosário na Argentina, receberá o XIV Congresso Internacional de Cidades Educadoras. Será o primeiro do gênero nas Américas, que têm atualmente 12 países e 60 cidades cadastradas na Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE).
Em 1990, durante o primeiro congresso da AICE, em Barcelona, uma carta de princípios foi redigida, esboçando algumas das características que fazem de uma cidade um ambiente educador. Baseada na Declaração Internacional dos Direitos Humanos, a carta entende que as cidades são espaços plenos de oportunidades educativas, que podem ser potencializadas ou esquecidas. E reafirma: aprender é um processo para todas as idades e para toda a vida.
Entre tantos países e cidades, não faltaram diferentes aplicações destes princípios. Cada prefeito, gestor, diretor de escola, professor, coletivo ou organização da sociedade civil que se aproxima da ideia realiza um aporte único, alicerçado em sua realidade e em sua prática no território. Além dos vinte pontos do texto do I Congresso, muitos outros vão sendo criados diariamente por todos aqueles e aquelas que olham para a educação como algo que ocorre também fora dos muros das escolas.
AICE
Hoje a AICE conta com um total de 36 países e 485 cidades filiadas ao redor do mundo.
Para debater estes diferentes aspectos, o Portal Aprendiz dá início a uma série de reportagens sobre experiências, conceitos e princípios que sublinham a atuação das Cidades Educadoras em suas diferentes formas. Nesta edição, perguntamos às pessoas que atuam na cultura, na educação, no urbanismo, na preservação e acesso ao patrimônio, na inclusão e na infância por que faz sentido falar em Cidades Educadoras no Brasil.

A classe média deveria ser a ponte de ascensão social para os pobres e passaporte de contado com os ricos. Termina que assim não é. Invejando os ricos, a classe média como disse Milton Santos não quer direitos, mas aspira a privilégios. Sonha com o muro "protetor" do condomínio urbano e fica indiferente à cerca de arame farpado do latifúndio armado de pistoleiros. Esta tamanha alienação e indiferença está destruindo as cidades e tornando a vida rural num inferno comparável à guerra das favelas.


Ecomuseu da Amazônia: uma experiência ao serviço do desenvolvimento comunitário no município de Belém-PA

Maria Terezinha R. Martins


O Ecomuseu da Amazônia teve como antecedente e ponto de partida a criação do Subsistema de Educação e Cultura para um Desenvolvimento Sustentável no município de Belém-PA (1995/6), nasceu em 2007, sob a gestão da Secretaria Municipal de Educação de Belém, com o desafio de integrar os diversos segmentos da sociedade, ao seu “inteiro ambiente”, a partir da conscientização e valorização de sua história, de seu patrimônio natural e cultural. Em 2008, foi integrado ao Centro de Referência em Educação Ambiental – Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, sob a tutela da Prefeitura Municipal de Belém. Atua em quatro áreas, integrando as seguintes comunidades: Distrito de Icoaraci (Cruzeiro e Vicentinos); Ilha de Caratateua (bairros São João do Outeiro, Fama, Tucumaeira, Curuperé e Nova República); Ilha de Cotijuba (comunidades do Poção e Faveira); e Ilha de Mosqueiro (comunidades do Caruaru, Castanhal do Mari-Mari e Assentamentos Paulo Fonteles e Mari Mari). As ações desenvolvidas pelo Ecomuseu objetivam o fomento de atividades regionais, a metodologia considera o patrimônio das comunidades como uma matéria prima endógena. Nesse contexto, os resultados das ações desenvolvidas pelas comunidades já começam a mostrar que vem provocando reflexões e mudanças de atitudes das pessoas, contribuindo para a mobilização popular da região, no sentido de reafirmar processos históricos e culturais, promovendo ainda o desenvolvimento de práticas sustentáveis.

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Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira - ilha de Caratateua, Belém - Pará.

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