AQUARIUM

O zoológico de Belo Horizonte (MG) inaugura aquário com espécies do Rio São Francisco ---> 

O zoológico de Belo Horizonte (MG) inaugura aquário com espécies do Rio São Francisco

Foto: Washington Alves/AE


DÊ UM GRANDE AQUÁRIO AMAZÔNICO DE PRESENTE AOS 400 ANOS DE BELÉM: VOTE EM CANDIDATOS COMPROMETIDOS A FAZÊ-LO DE MODO INTEGRADO A UMA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS RECURSOS AQUÁTICOS DO ESTADO DO PARÁ.

 Semana passada defensores do patrimônio histórico de Belém foram surpreendidos com o noticiário da imprensa sobre projeto de desmonte dos armazéns 11 e 12 da Companhia das Docas do Pará (CDP) para construção de área de movimentação de carga em contendores. Mais uma vez, se verifica postura imperial de autoridades federais que não dialogam nem consultam a sociedade local das regiões onde elas se hospedam como reis sem coroa. Apesar de mais de vinte anos da Constituição-Cidadã algumas instituições ainda atuam nos estados e municípios ao arrepio do pacto federativo, como na época da ditadura onde vigia o jargão "manda quem pode e obedece quem tem juízo".

Ontem, por exemplo, a Presidenta da República, Dilma Rousseff, viu-se obrigada a esclarecer o óbvio ululante diante de uma plateia para assistir a posse do Ministro da Pesca, Marcelo Crivella. Dizendo ela que uma pessoa eleita para cargo público ao tomar posse representa mais do que os seus eleitores e partidos de apoio. De direito e de fato, a autoridade pública no exercícío do cargo governa para todos: inclusive aqueles que não a elegeram... 

Não pensa assim a maioria de eleitores e dirigentes partidários alimentados por uma cultura politica perversa, que se reflete até nos campos esportivos em verdadeiras batalhas de vida e morte em estadios de futebol e ruas após partidas... A resposta, correta, da Presidenta Dilma visou o PMDB cioso de uma hegemonia municipalista que não quer concorrência do aliado PT nem de ninguém. Ora, e os eleitores supostamente livres o que tem a dizer? Claro que não se discute a importância política de um partido que teve em seus quadros grandes figuras da vida republicana e democrática deste País. Mas, é excessivo o espírito de corporativismo que se manifesta em tais ocasiões. Como é o caso de um novo arranjo político para dar espaço ao emergente e importante movimento evangélico e ao significativo Partido Repúblicano Brasileiro (PRB), agora responsável por orientar a política nacional de pesca e aquicultura.

A pergunta que não quer calar: com o pequeno PRB fundado pelo vice de Lula, o empresário José Alencar de saudosa memória; no comando do Ministério da Pesca e o Ministro Crivella sendo como é um destacado líder da bancada evangélica; significa que o PMDB e os mais partidos da base aliada serão alijados de postos do Ministério? A resposta só poderia ser, não. Mas, se a Presidenta da República - mineiramente -, se vê obrigada a repetir aquilo que a Carta Magna determina, pode ser que na prática a teoria é outra... Então, ela estaria refrescando a memória de outros de seus Ministros sejam eles do próprio PT, do grandalhão PMDB ou quaisquer outros da base governista. Se o príncipio valer no Governo Federal, valerá também de fato nos Estados e Munícpios: para isto não depende de baixar decreto publicado no Diário Oficial da União, mas sim do sempre lembrado Eleitor na hora do voto e também depois das eleições no dia a dia da governança democrática.

Isto posto, voltamos às relações federativas envolvendo - de baixo para cima - Município, Estado federado e Estado-Nação. Está claro que a teoria constitucional jamais entrará em campo de fato enquanto o ator principal, o Eleitor; não assumir seu cargo no corpo da Sociedade Civil atuante e vigilante. Seja através da sociedade civil organizada ou mesmo como manifestações individuais que tecem a rede crítica das comunicações sociais.

É por aí que o amigo eleitor pode mandar cartão amarelo às autoridades; expulsar de campo pelo voto das urnas ou até aplaudir e reeleger os verdadeiros agentes da Coisa Pública. É o caso da ausência de um AQUÁRIO AMAZÔNICO de grande porte na maior cidade brasileira da Amazônia Oriental reunindo ecossistemas de água doce, salobra e salgada. Como os paraenses podem ser tão cegos sobre isto? Se o próprio nome Pará significa Mar... Se o peixe foi e continua sendo nosso "gado do rio", tendo uma história econômica ímpar como moeda corrente, até o século XVIII, no pagamento de salários, vencimentos, soldos da tropa e até côngruas da igreja: tudo naturalmente sobre o trabalho escravo dos pescadores indígenas, obrigados a defumar o peixe na falta de sal.

Provavelmente, o novo Ministro da Pesca e Aquicultura além de não saber ainda colocar minhoca no anzol, também não sabe a história da pesca na Amazônia e sua importância para a população desde tempos pré-colombianos. Não é um problema irremediável: basta sua senhoria enquanto ministro da Igreja Universal do Reino de Deus intercalar a leitura da Bíblia no que tange as comunidades de pescadores do "mar da Galiléia" nos primórdios do Cristianismo com as notícias de José Veríssimo sobre a pesca amazônica. Como homem moderno sabe que o dito popular - "Deus ajuda a quem cedo madruga" - quer dizer que a Ciência e Tecnologia são ou poderão ser parceiras do "milagre dos peixes". Logo, o Ver O Peso aplaude de pé a ideia do novo ministro de criar uma "Embrapa do peixe". Ou melhor, dos gados do rio.  No Marajó, por exemplo, onde  a EMBRAPA tem fazenda meio panema, o milagre dos peixes poderia com a FAO na proa contra a fome investir na aquicultura de uma espécie nativa de enorme consumo popular e que também pode ser chic, como o Festival do Tamuatá, em Santa Cruz do Arari prova e aprova. Justo no Lago Arari que a gente queria ver como a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável, reunindo a pesca lacustre tradicional, bubalino cultura familiar e grandes fazendas abertas ao turismo rural com ênfase na arqueologia marajoara e participação da comunidade. 

Pode ser ou está difícil? Ora, deste arranjo socioambiental produtivo poderia sair, precisamente, no berço da Cultura Marajoara e da invenção  do Museu do Marajó, o primeiro aquário local integrado ao grande Aquário Amazônico de Belém do Pará que precisaria de um sistema de captura, aclimatação e reabastecimento de espécies por ecossistemas representados na capital do estado.

Mais do que o Rio de Janeiro ou Santa Catarina, o Pará teria mais motivos para brigar pela pasta da Pesca. Para isto o Ministro poderia ser evangélico, judeu, católico ou ateu... Mas, o Estado precisava se candidatar com uma política de desenolvimentos dos recursos aquáticos (não apenas da pesca industrial e artesanal). O novo Ministro da Pesca teria confessado, honestamente, não saber sequer colocar isca no anzol... Se o critério para ser ministro da Pesca fosse ser pescador profissional ou amador, o Pará estaria cotado com a figura notável do próprio Governador Simão Jatene. Dizem  que ele é bom de pesca esportiva e que isto não é conversa de pescador...

Mas o negócio é outro, e se o governador tucano do Pará pelo menos apontasse um candidato a ministro da pesca; apesar do PMDB ser aliado ao PSDB estadual e ao PT federal; a casa vinha abaixo. Noves fora, se o Pará sentinela do Norte se impusesse ao Brasil como principal centro nacional dos recursos aquáticos, em todos os sentidos. E para isto um projeto consistente, tendo grande aquário temático como ícone turístico-cultural seria, com certeza, peça-chave dessa política que o destino maior do grande Pará reclama.

BREVE HISTÓRIA DE UM PROJETO ARQUIVADO

Vem do segmento de turismo marítimo japonês a ideia de construção de grande aquário amazônico em Belém, lá pelos idos de 1970. Uma ideia que só evoluiu um pouco com a nomeação do médico Adenauer Goés para a PARATUR pelo também médico Almir Gabriel, quando governador do estado. Em parceria PARATUR/Museu Goeldi um pedido de consultoria técnica foi encaminhado ao Japão, através da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e da sua homóloga JICA. Com a conhecida lentidão deste mecanismo de cooperação nipo-brasileira, o consultor japonês veio a Belém e deixou parecer favorável ao empreendimento, resaltando todavia os problemas de sustentabilidade de um aquário de vocação internacional demandando antes que tudo arranjo multilateral.

A proximidade do encerramento do mandato do governador àquele tempo, já se estava com Simão Jatene à frente do Estado, e prioridade para o projeto do PARQUE AMAZONIA (ex-fazenda Pirelli) fizeram com que o aquário junto com setor zoobotânico (prevendo remoção de grandes mamíferos do Museu Goeldi para lá) fosse destinado como um dos diversos componentes do dito parque em Marituba em parceria público-privada. Na área antropizada da antiga fazenda e seringal, note-se bem era que se pretendia constuir todos os equipamentos sem precisar mexer num único palmo de mata nativa; pois o conceito era de uma área protegida estadual de conservação da biodiversidade e educação ambiental dotada de hotel-escola inclusive além de pousada e lojas de produtos gerais a funcionar como portal a outros destinos turisticos da região. Cujo projeto concebido pela empresa norte-americana Morris Arquitecs contratada pela FIEPA [ver http://www.morrisap.com/ ], segundo se dizia, recebeu premiação internacional.

Entrementes, em 2005, deputado e ex-ministro francês visitou Belém e Marajó e então manifestou, oficiosamente, disposição para promover a cooperação entre Belém do Pará e a cidade de Boulogne-Sur-Mer: o interesse do parlamentar era aproximar e trocar informações entre as duas cidades sobre pesca e recursos aquáticos, sabendo que naquela cidade tombada pela UNESCO como patrimônio da humanidade, se acha a sede do Instituto Francês de Pesquisas do Mar  (IFREMER) e o maior parque aquático da Europa [ver http://www.nausicaa.fr/  ]. Apesar da mensagem francesa ter sido reiterada diversas vezes, o prefeito de Belém aparentemente não se intessou como devia e o governador não priorizou o assunto. Que, evidentemente, ia ao encontro da ideia de uma aquário temático com aproveitamento do potencial paraense.

Com a eleição da governadora Ana Júlia Carepa o novo governo arquivou o projeto do parque ecoturístico em Marituba. Todavia, a ideia de um aquário passou a ser objeto de grupo de trabalho na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) em colaboração técnica da Secretaria de Estado da Pesca e Aquicultura SEPAQ. Desta vez, o canal de comunicação com a parte francesa chegando ao NAUSICAA foi estabelecido com manifestação de interesse de parte a parte. 

Vice-governadora da região Île-de-France (região metropolitana de Paris), em visita a Belém para o Fórum Social Mundial (FSM), viu o suposto local apontado para construção do aquário, um terreno na EMBRAPA contíguo ao Parque Estadual do Utinga... Ela ouviu do então Secretário da SEMA relato sobre o projeto e se colocou à disposição para integrar a cooperação internacional da região parisiense ao referido projeto, considerando que Paris é ribeirinha do Sena como Belém no rio Guamá e as populações ribeirinhas devem ter participação efetiva em projetos como este.

Pela primeira vez, se comentava possibilidade de reconstruir dois armazéns da CDP para o aquário em tela a par do remanejamento a fim de liberar área de manobra portuário para navios porta contendores. Assunto de interesse da multinacional francesa de transportes marítimos CMA CGM e que, portanto, poderia abrir negociação mais abrangente, incluindo o Ministério dos Transportes e o governo central da França e o Ministério da Cultura brasileiro também, no que concerne ao patrimônio histórico de Belém. 

Mas, a nova mudança no governo do estado repetiu a dose: se o PT cancelou o parque ecoturístico na fazenda Pirelli sem bilhete e sem adeus; agora o PSDB passava uma esponja sobre o projeto de aquário na área da EMBRAPA em convenio com o IBAMA. Curiosamente, o secretário da Cultura declarava interesse em construir um aquário no Parque Estadual do Utinga...

 O QUE A ACADEMIA DO PEIXE FRITO TERIA A DIZER?

Se a velha guarda da confraria do Ver O Peso, sob chancela do poeta Bruno de Menezes e inspiração da Criaturada grande de Dalcídio, fosse dar piteco no apimentado assunto poderia talvez por intermédio de batuque em Casa de Mina às margens do Guamá mandar recado ao Ministro da Pesca, Marcelo Crivella: apesar do preconceito de pastores evangélicos às santidades de rito afrobrasileiro. 

Tipo assim: "Excelentíssimo Senhor Ministro: Não se avexe com esses gaiatos que lhe criticam por não saber colocar isca no anzol... São pescadores de águas turvas e pesca de arrastão de votos. Faça isso não. Aqui no Norte tem pescador bamba que ainda se atrapalha com caniço e tarrafa...

Não seja por isto, faça como nós. Aleluia, peixe frito no prato e farinha na cuia!... Uma boa rede social pode dar muitos bons frutos de rio e mar na mesa do trabalhador e na merenda escolar. Segurança alimentar e mercado interno com pirão de açaí em primeiro lugar. O AÇAÍ É NOSSO! E peixe frito nosso mata fome. É isto que o Povo quer e a Presidenta Dilma espera do senhor. Não se deixe enredar nas intrigas da mídia. Os irmãos evangélicos que não o vão deixar com espinha atravessada na garganta querendo eles ir com sede demais ao pote... Diga-lhes que o Reino de Deus está próximo, mas porém ainda carece de muitas marés pra cima e pra baixo e muito trabalho de crentes e não-crentes afinal de contas todos tem sede e fome e são filhos de Deus. Defenda os gados do rio promovendo a gastronomia popular no Mercado do Ver O Peso.

Veja como a nossa Presidenta Dilma governa para todos os que votaram nela e para os que não votaram também. O Ministério seja ele da Pesca ou da Agricultura ministra recursos do Público, e como diziam os romanos "pecunia non olerit" (dinheiro não tem cheiro) e sendo do governo, vai saber quem foi que pagou imposto, católico, evangélico, espírita, umbandista.... ?

Fale com seu colega da Esplanada, Ministro dos Tranportes que não perca oportunidade de presentear a cidade de Belém do Pará nos seus 400 anos de fundação (2016). Que não autorize o desmonte dos armazens da CDP!  Pelo contrário, que os entregue ao Ministério da Pesca e Aquicultura para realizar o grande AQUARIUM AMAZONICUM que a história do Pará pede desde os primeiros tempos da Cultura Marajoara.

O porto de Belém com a feira do Ver O Peso devem ter outras funções. E as atividades portuárias ser repassadas, de acordo com suas especialidades, para Vila do Conde, o novo terminal hidroviário de passageiros em Val de Cães e o porto do Outeiro compartilhando com a soja área de contenedores, que agora são o pomo da discórdia entre o transporte marítimo e o patrimônio histórico da cidade com o IPHAN à frente. A multinacional CMA CGM lembrando-nos do patrimônio histórico de Boulogne-Sur-Mer  ajude o Brasil a fazer igual em Belém do Pará.

Senhor Ministro, segure o calão grande desta rede abençoada por Deus e Natureza! Chame logo as colônias de pesca do Pará para conversar sobre isto: os irmãos pescadores não sabem o quanto o grande aquário amazônico pode ser para seus filhos e netos um portal muito além da pesca artesanal ou industrial. O exemplo francês será para este propósito talvez um bom começo para vosso ministério. Como o senhor sabe, um aquário é ambiente artificial recriado pela ciência e a tecnologia; um centro de estudo certamente; mas são as estações permanentes em cada município pesqueiro que irão coletar, aclimatar e alimentar o aquário central dos peixes e mais espécies aquáticas. O Museu Paraense Emílio Goeldi deu começo neste assunto e tem competência para o concluir com êxito, a Presidenta Dilma precisa ser corretamente informada, inclusive sobre o período no qual a pesquisa aplicada foi destacada neste mais antigo centro de estudos amazônicos... Um estrada de mil léguas começa com o primeiro passo, um pequeno aquário em município de pesca tradicional será alevino do turismo e lazer fluviomarítimo de Belém. Um negócio com emprego e renda nos rios, lagos, igarapés e na costa marítima como melhoria da educação científica e tecnológica. Não carece dizer que o IFPA é um parceiro potencial nessa rede.

Que o Espírito Santo desempate esta partida com a vitória dos povos das águas e da boa alimentação da brava gente brasileira com o milagre dos peixes. Amém".



Convite para a solenidade do início das obras do Porto de Belém, em 16/nov/1907

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