AMAZONIZAR O BRASIL É PRECISO, DESMATAR A AMAZÔNIA NÃO É LEGAL.

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aldeia Wazare em Campo Novo dos Parecis - Mato Grosso.



https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia  AMAZÔNIA





Indiferente às angústias e ambições humanas, o maior rio da Terra nasce modesto a 5.600 metros de altitude acima do nível mar, no Peru, cumeadas dos Andes, e desce precipitadamente as escarpas da cordilheira em busca da planície imensa compartilhada por nove países amazônicos - Bolívia, Brasil, Colômbia, Guiana, Guiana francesa, Equador, Peru, Suriname e Venezuela -, até confundir suas águas com o Atlântico após percorrer quase 7 mil quilômetros de extensão. No golfão Marajoara, dentre mais de duas mil ilhas, o Rio e o Oceano pelejam que nem titãs medindo a força das marés: e nessa luta infinita, recebendo a corrente equatorial que vem desde a Contracosta da África Ocidental até a costa do Brasil, emenda-se o rio Amazonas à Corrente das Guianas a carregar suas águas quentes ao Golfo do México para dar vida às paragens geladas do Ártico. Entendeu por que toda Água do mundo está interligada, inclusive em mais da metade do corpo humano?

É o gigantesco Amazonas - Marañón dos castelhanos, Uêne (rio) dos aruacos, Paraná-Uaçu dos tupis -, maior rio da Terra em volume de água e em comprimento (6.992,06 km). O padre Antônio Vieira o chamou "Rio Babel" (ler José Ribamar Bessa Freire, Rio Babel, a história das línguas na Amazônia), quando em 1542 o espanhol Francisco de Orellana desceu o rio acidentalmente, frei Gaspar de Carvajal que o acompanhou com outros aventureiros em dois bergantins construídos, mal e apressadamente, na floresta do Equador; descreveu diversos encontros dos espanhóis, oras amistosos e oras belicosos, com povos ribeirinhos que habitavam o "río grande de Orellana" desde tempos imemoriais. Graças aos "gados do rio" (peixe-boi, tartarugas, pirarucu, etc.), além da caça abundante, aquela gente vivia bem.

De Quito (Equador), em 1540, partiu uma grande caravana com milhares de soldados e índios, cavalos, lhamas, cachorros, porcos e bois, sob comando geral de Gonzalo Pizarro, irmão do conquistador do Peru; em marcha para descobrir e conquistar o "país da canela". Atravessou picos nevados, entrou na desconhecida Floresta Amazônica, extraviou-se e se perdeu na selva... Os índios violentados e aterrorizados pelas barbaridades dos cristãos desertaram, famintos e sem guias, os espanhóis mataram e comeram todos bois, porcos, cavalos, lhamas, cachorros... Por fim, literalmente, comeram a sola dos sapatos cozidas com ervas desconhecidas que adoeciam ou envenenavam os forasteiros. 

Esta experiência histórica - que determinou a "descoberta" do rio das Amazonas -, foi o primeiro contraste entre conhecimento tradicional local e poder imperial, posto que milhões de índios viviam nas regiões amazônicas com notável sustentabilidade. A sede de ouro, cerca de 1530, uma década depois da destruição das Índias Ocidentais no Caribe, deu início ao genocídio amazônico.

A "lenda das amazonas" (mulheres guerreiras que montavam a cavalo e amputavam um seio para manejar arco e flecha), transposta da Capadócia para o país do Eldorado, foi um acréscimo ao texto de Carvajal, o qual apenas relata, com rica fantasia, suposto ataque de índios comandados por mulheres dotadas de grande coragem e força física, a ponto de botar a correr os espanhóis com seus barcos cravados de flechas... Mais depressa a intenção de Carvajal foi dar ares de fantasia e insinuar existência de tesouros para livrar Orellana da forca, pois o "descobridor" estava acusado de crime de desertar do acampamento de seu primo Gonzalo Pizarro roubando-lhe os dois bergantins. A imaginação dos espanhóis da conquista do Peru recaia sobre as chamadas "virgens do Sol" (monjas guardiães do templo do Inca filho do deus Inti (Andes), o Sol), mulheres que se acreditava tinham fugido a esconder o tesouro no coração da selva amazônica. Estas, na verdade, seriam as "amazonas" da aventura de Orellana e frei Gaspar de Carvajal.

Curiosamente, foram portugueses que deram nome de "rio das Amazonas" ao grande rio e, por extensão, Amazônia à terra de grandes florestas chuvosas alimentadas pela imensa bacia equatorial. Os espanhóis, mais perto das populações aruaques, aprenderam destas o nome nativo do rio Uêne (água, rio), cujas terras ribeirinhas chamavam Guania e, finalmente, Guayana em castelhano (Guiana em português).  
Segundo o site do Itamaraty, a Amazônia é peça-chave da integração da América do Sul nos debates internacionais com a temática do desenvolvimento sustentável, mudança climática, combate à fome e erradicação da pobreza. Com uma população de, aproximadamente, 38 milhões de pessoas (das quais 25 milhões na Amazônia brasileira), representa 40% do território sul-americano tendo a maior floresta tropical do mundo, habitat de 20% de todas as espécies da fauna e da flora do planeta. A Bacia Amazônica contém cerca de 20% da água doce da superfície da Terra.
As regiões amazônicas trazem grandes desafios e oportunidades a seus respectivos países soberanos. Re requerem tratamento estratégico coordenado e diferenciado, objetivo comum da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), bloco socioambiental formado pelos Estados nacionais que partilham o território amazônico: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. As origens da OTCA remontam à iniciativa brasileira de 1978, quando os oito países amazônicos assinaram, em Brasília, o Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), com objetivo de promover o desenvolvimento da região e o bem-estar de suas populações de modo coordenado, além de reforçar a soberania dos respectivos países sobre seus territórios amazônicos. 
Vinte anos depois do TCA, em Caracas, os ditos países firmaram protocolo de emenda ao Tratado de Cooperação Amazônica, criando a OTCA. Em dezembro de 2002, foi assinado, no Palácio do Planalto, o Acordo de Sede entre o Governo brasileiro e a OTCA, que estabeleceu a sede em Brasília, até hoje a única organização multilateral sediada no Brasil.
Nos últimos anos, a OTCA tem por alvo a Nova Agenda Estratégica de Cooperação Amazônica, aprovada em 2010, com as prioridades dos países amazônicos. Em abril de 2013, o Brasil anunciou a doação de terreno para a construção do novo edifício-sede da OTCA, contribuindo para garantir a autonomia financeira da Organização. Atualmente, se acham em execução mais de 20 iniciativas, projetos e programas, em áreas como meio ambiente, assuntos indígenas, ciência e tecnologia, saúde, turismo e inclusão social. Entre eles, destaca-se o Projeto Monitoramento da Cobertura Florestal na Região Amazônica, executado desde meados de 2011, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE). O objetivo do Projeto é contribuir para o desenvolvimento regional da capacidade de monitoramento da Floresta Amazônica, por meio de instalação de salas de observação nos países-membros e de capacitação e intercâmbio de experiências em sistemas de monitoramento. As atividades planejadas para o período 2013-2017 contam com financiamento do Fundo Amazônia/BNDES, no valor de R$ 23 milhões.
A OTCA deveria ser mais incisiva sobre a Agenda 2030

O Acordo de Paris sobre mudança climática, coloca a Amazônia na ordem do dia. E a Agenda 2030, da ONU, promete erradicar a pobreza extrema. Por que os países amazônicos não juntam as duas coisas? Os brasileiros estão, subitamente, a perceber a "sua" Amazônia em perigo. A classe artística lança campanha S.O.S. Amazônia. Oxalá este despertar da sociedade brasileira ecoe imediatamente nos mais países amazônicos levando a todos a reanimar a OTCA no coração da integração sul-americana. A Amazonidade profunda ganhe o mundo inteiro, conquistando primeiro o Brasil ao encontro de seu futuro. As populações tradicionais amazônicas, longe de ser entrave ao progresso nacional; são elas que ainda poderão sustentar o direito territorial dos países amazônicos deixando a margem da História para o centro das preocupações permanente do Estado-Nação.

Centros de Estudos Amazônicos nas principais universidades não deveriam se limitar a uns poucos especialistas, mas ganhar corações e mentes da sociedade através da extensão universitária. Amazonizar é preciso, desmatar não é legal.


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