BATUQUE EM PORTO CARIBE: VIA CULTURAL PARÁ-MARTINICA

sob perpétua inspiração de Aimé Cesaire, poeta Pai da Negritude, a Martinica pela educação e a cultura fez firme contraponto ao colonialismo e à luta armada ao mesmo tempo. Em vista da tragédia do vizinho Haiti e a impossibilidade material de imitar a revolução de Cuba; os filhos de Cesaire aprenderam a se equilibrar ao batuque do tambor ancestral entre o mar e o rochedo. Deste modo, tem eles conseguido se afastar dos extremos e também, com a lição de vida de Mandela, ficar longe da revanche que aniquila independências nacionais conduzindo os povos libertados para a violência estéril e a injustiça da pobreza desumana. 


o popular mercado de Fort-de-France, capital da Martinica, lembrando o Ver O Peso
de Belém do Pará, onde a tradição se faz sem contradição à modernidade e a presença
do poeta Bruno de Menezes, promotor da Academia do Peixe Frito, não de desfaz.



Alô Pará do Paranatinga lá vamos nós a Porto Caribe!

Academia do Peixe Frito, boêmios da Campina,
devotos de São Benedito, irmandade do Glorioso São Sebastião,
a Marujada, piratas da Batucada, a Grande Família,
todas tribos da Criaturada grande de Dalcídio são convidadas...

Vamos lá a Martinica em embaixada do samba, siriá e carimbó
levar votos de amizade eterna do Quem são Eles 
e o Rancho Não Posso me Amofiná,
todas escolas de samba, blocos e universidades do carnaval.

Vamos lá a Martinica a ver quem fica melhor na foto,
buscar a rima rica de Madinina bonita diretamente da fonte
a Mi Carème que aqui na terra do pato no tucupi chegou
através da Bahia de todos os santos orixás fantasiada de Micareta

Vamos lá a Martinica pra ver como é bonita
a negritude antilhana
memória de nossas raízes, ervas, frutas e flores tropicais
descobrir cores, sabores, sons e odores tão parecidos aos nossos
mas diferente ao mesmo tempo
de todas outras Américas a caribenha é resumo do velho e novo
continente.

A lua banha-se na baía de Fort-de-France tal tal uma Vênus nua
no espelho d'água do Guajará
sob manto da noite bordado de estrelas sobre mar de água doce
de Belém do Grão Pará no país do Cruzeiro do Sul
enquanto lá no Caribe grande é o mar salgado
vestido de dourado sob sol azul marinho cheio de sal e algas.
Em Madinina relembrada o espelho da lua na lenda das Amazonas,
Uma ilha morena enfeitada de penas verdes e rosa pronta para festa
dos 400 anos de sua cidade irmã das mangueiras amazônicas.

Ilha das flores onde o continente submerso brinca com furacões
e joga com o destino das Américas, Áfricas e Europas no porvir
a negritude é o mapa do tesouro dos piratas do Caribe
a mina velada do El-Dorado no coração das Guianas.
Metade do caminho entre metrópoles d'aquém e além Oiapoque.
Paris, cidade luz, sempre pronta a dizer o que o mundo deve fazer
desta vez há de ouvir o que se não deverá jamais de fazer outra vez.

O retorno ao país natal é caminho certo ao coração da mãe-África,
para toda aldeia do mundo insustentável sem trabalho escravo.
Nós, criaturada grande de Dalcídio e filhos de Bruno de Menezes, também temos que aprender com filhos de Cesaire, Damas, Senghor e muitos outros mestres da Negritude... 
Os primeiros negros da terra foram escravos do cativeiro do Caribe
desde que os bons cristão botaram os pés nas Bahamas.

Saber da incrível travessia do Atlântico pela flotilha de caiaques
do rei do Mali duzentos anos antes da famosa viagem de Colombo,
a malfadada chegada deste último e seus conquistadores malucos,
a rebeldia suicida do cacique Hatuey, Guamá e outros mais
na resistência desesperada dos Tainos e seus descendentes até hoje.

Alejo Carpentier, Frantz Fanon a dizer não à hegemonia mental
do coloniamismo dementador,
Mas, sobretudo, nosso respeito profundo ao direito à preguiça
Isto é: à Greve...
com aquele mal amado mestiço cubano em cujas veias
se misturaram sangue judeu-francês e de índio caribenho,
chamado Paul Lafargue, marido de Laura Marx
amigo de seu sogro mas nem sempre 100% de acordo com ele:
na verdade a indolência e malandragem dos escravos
tal qual o direito natural dos animais em resistir ao cativeiro
andou mais perto do genro de Marx do que da moralidade laboral
alemã e metódica do seu sogro revolucionário.

Nosso porto Caribe e a ilha das flores Matinik tem mais coisas a mostrar que rum, discos velhos do velho Cugat 
e CD de zuck machine da banda Cassave..
lá no mar das Caraíbas o Pará velho de guerra pode encontrar coisas do arco da velha:
da Jamaica o reggae jamais será deslembrado de suas origens rítmicas de Moçambique e religiosas na Etiópia
Bob Marley se desfez em acordes para renascer em guitarradas mil
pelos cinco continentes do mundo.

Além da poesia revolucionária o teatro descolonial de Cesaire 
nos dirá da tragédia nacional chauvinista tenha ela a cor que tiver
num mundo sem fronteiras 
onde a verdadeira democracia não é uma concha vazia,
apesar de parecer ainda uma tímida criança...
Ela carece florescer a fim de primavera numa primeira manhã
onde todas aldeias do mundo serão conectadas
contra aventuras imperiais várias de norte ou sul
sem deixar perder jamais a singularidade de cada país
face à antropofagia voraz da aldeia global.

No teatro do Ver O Peso da vida precisamos encenar
a tragédia do rei Cristovão como aviso aos navegantes
das águas turvas da colonialidade na cidade grande do Pará
escarmento do destino de um homem e de um país chamado
Haiti 
o qual também é aqui com nossos reizulos dementes
parentes daqueles outros de antigamente, em África, que venderam
a corsários e piratas do Caribe nossos pobres avós negros da terra 
e da Guiné 
a fim de ostentar grandeza e loucuras infernais da realeza.

Tragédia da revolução haitiana traída pela farsa da história
aqui a tragédia do brigue Palhaço sem estardalhaço
repetida até à náusea por todo mundo insustentável, 
nossa cara Cabanagem com seus 40 mil mortos esquecidos
e combatentes negros fuzilados à ordem de Angelim.

Aí de mim! Eu que queria ir em canoa boa de contrabando
da Vigia do Pará pela ponta da Tijioca além do Cabo Norte 
saber da força imperial anglo-luso-brasileira
que a revolução republicana paraense queria combater.
Nunca soubemos que através de Caiena ocupada
o Pará foi contagiado pela República cabana e que a revolução do Haiti
chegou aqui clandestina a fim de abolir a medonha escravidão:
mas lá, 
como no Pará massacrado a mando do império do Brazil
a emancipação humana foi abortada pelo reinado de um homem só
que em vez de libertador, a exemplo de Bolivar, 
morto de inveja que nem zumbie quis igualar em Porto Príncipe
faustos dos reis de França. 

Que nos sirva para sempre a lição da farsa do rei Cristóvão.

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