AGENDA BELÉM 2016: 400 JANEIROS INVENTANDO A AMAZÔNIA.


navio-escola francês "Belém", conservado no patrimônio histórico marítimo pela Fundação Belém, fez rota comercial entre o Pará, Guiana, Antilhas e França transportando cacau e outras "drogas do sertão" (especiarias) amazônicas, rum, açúcar em troca de produtos importadas da Europa. Em 2002 veio a Belém do Pará e talvez pudesse retornar para festa dos 400 anos da capital do Pará, caso haja convite competente no quadro de uma demanda oficial da cidade para ser admitida à rede mundial de metrópoles com apoio francês. Entre outros motivos, por Belém (Pará) e Fort-de-France (Martinica) serem cidades-irmãs. Evidentemente, o intercâmbio franco-brasileiro na matéria seria inventivo ao turismo marítimo, cultura ribeirinha e esportes aquáticos em geral.

NOTÍCIA SOBRE VIAGEM DO VELEIRO FRANCÊS, EM 2002, A BELÉM DO PARÁ.

Veleiro "Belém" zarpou da França rumo ao Brasil 100 anos depois da 1ª viagem
12h24 - 10/02/2002


Arthur Silva, da Agência Lusa

Paris, 10 Fev (Lusa) - O veleiro francês "Belém" zarpou no início da tarde de hoje do porto de Nantes, na costa atlântica francesa, com destino à cidade brasileira de Belém, onde chegou pela primeira vez em 1897.

Oitenta e oito anos depois de sua última campanha de "comércio", o atual navio-escola, que foi construído em 1896, nos estaleiros de Nantes, voltou a zarpar rumo ao Brasil, Guiana e Antilhas, rotas que fizeram a história deste barco.

Esta operação, que conta com o apoio da Embaixada do Brasil na França e da representação diplomática francesa no Brasil, tem o patrocínio da Secretaria de Estado francesa dos Departamentos e Territórios do Ultramar.

A chegada a Belém está prevista para os meados do mês de março, num périplo que levará o veleiro francês aos portos de Vigo (Espanha), Ilha da Madeira (Portugal), Las Palmas (Espanha), Dacar (Senegal), Belém e Macapá (Brasil), Saint- Pierre de la Martinique e Bermudas.

Na viagem de volta, o "Belém" fará uma escala na ilha atlântica dos Açores (Portugal), e a chegada a Nantes está prevista para o dia 14 de julho, dia da Festa Nacional francesa.

"Além da aventura marítima única, a odisséia atlântica do "Belém" terá um grande significado para todos aqueles que, de perto ou de longe, vão seguir esta viagem", afirmou Alain Le Ray, presidente da Fundação Belém, proprietária do veleiro.

Mas, sobretudo, "as escalas em Belém e Macapá serão ocasiões privilegiadas para reafirmar os elos que unem os dois lados do Atlântico", frisou Alain Le Ray.

Por outro lado, a história deste navio está intimamente ligada às trocas comerciais entre o Brasil e a França.

Entre 1897 e 1907, o porto brasileiro de Belém foi o principal destino do veleiro que, na época era um navio de comércio, que fez 33 campanhas, e trazia para a Europa cacau, rum e açúcar, enquanto levava para o Brasil produtos manufaturados.

A partir de 1907 e até 1914, o "Belém" foi utilizado no transporte de mantimentos para Guiana Francesa, para os colonos e para o campo de refugiados de Caiene, para onde foram deportados milhares de prisioneiros políticos e criminosos franceses.

No dia 08 de maio, o "Belém" escapou milagrosamente à irrupção vulcânica registrada na Montanha Pelada, que fez cerca de 30.000 vítimas na Ilha da Martinica.

A concorrência dos navios a vapor afastou o "Belém" das rotas do comércio, e a partir de 1914 passou pelas mãos de diversos proprietários, principalmente o Duque de Westminster, o "barão" da cerveja, A.E.Guinness, tendo percorrido uma volta ao mundo entre 1923 e 1924.

A II Grande Guerra Mundial obriga o "Belém" a molhar na Ilha de Wight, Reino Unido, até que em 1952 é comprado pela Fundação Cini, e transformado em um navio-escola do Instituto Scilla, em Veneza, Itália, para a formação profissional dos jovens órfãos de marinheiros.

Finalmente, em 1978, uma parceria entre o grupo bancário Union Nationale des Caisses d'Epargne de France e a Marinha National francesa, permite comprar o navio e salvá-lo de uma destruição a curto prazo.

Cinco anos após as obras de restauração, em 1986, "Belém", que, entretanto, foi classificado Monumento Histórico pelo Governo francês, chega a Nova York para participar nas celebrações do centenário da Estátua da Liberdade.

A viagem que o "Belém" iniciou hoje, a "Odisséia Atlântica", pode ser acompanhada pela Internet.

Graças ao site www.belem-odyssée.com, os internautas podem viver o dia-a-dia da tripulação e participar nas observações e descobertas das escalas terrestres, relatadas por testemunhas e peritos em vários aspectos.



Dentre chuvas em verdes campos e marés
1500 anos dos tesos do Marajó nos contemplam no corrido dia a dia de Belém da Amazônia.



Que melhor presente se pode dar à cidade de Belém na festa de seu quarto centenário? Qual o maior tesouro que os fundadores de Feliz Lusitânia poderia achar no cobiçado rio das Amazonas? O reino das icamiabas se desvaneceu entre lendas do lago da Lua e o ouro do El-Dorado foi um terrível engano...

Na utopia selvagem dos caraíbas Tupinambás, a pressa foi inimiga da perfeição. Louvado seja São José de Anchieta, santo canarinho e apóstolo do Brasil varonil, que ensinou o Bom Selvagem a trocar o sangue e a carne do inimigo pelo pão e o vinho consagrados no milagre eucarístico do sagrado coração de Jesus. É 8 ou 80... Faremos a coisa certa ou deixamos rolar carimbó de siá Tereza até acabar a festa e Chico chegar da roça.

Aprendi a dizer não, ver o peso do Norte sem temor. Eu venho lá do mundão de águas grandes e terras encharcadas, e posso não agradar. Mas pra falar a verdade, na festa desta cidade ainda está a faltar muita coisa. Portanto, carece mais imaginação para arrumar a "casa do pão" da terra como a cidade merece... Imaginação é com a literatura. E literatura paraense sem Criaturada grande é arte de Malazarte pra deixar o povo fora da festa, dar o bolo do veropa e só. Deixando a gente na chuva a ver navios.  

O forte do Presépio foi levantado a quatro porradas, em vez de paz, a guerra tribal na terra dos Tapuias. Como se esta gente fosse feita da mesma massa dos filisteus... A barca virou, deixou de virar... Nossa senhora vai dentro, os anjinhos a remar, rema, rema remador... Há quatro séculos, o menino não se encontrava no berço de Belém, Santa Maria vagando pela aldeia da Campina, São José carpinteiro fora tirar madeira para as bandas do Una... Nem mesmo os animais do Presépio haviam chegado de Cabo Verde e os Reis Magos, aparentemente, demoraram uma eternidade à espera do navio dos turcos encantados a fim de atravessar o Mar Português de Fernando Pessoa, e saltar com Dom Sebastião em São João de Pirabas. Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é panema... Talvez, comecem eles a chegar a partir de agora para os festejos dos 400 anos.


NATAL

Deixei as ovelhas,
deixei a flauta,
e só vim com o meu cajado
e com a minha bíblica inocência
(quanto era bela a minha adolescência).

E corria e corria pelos prados…
Uma estrela muito branca
me orientava,
uma estrela tão grande!

Depus meu cajado
e ajoelhei-me junto do berço,
pensando que esse menino,
pastor de estrelas, noutro tempo,
viesse pastorear comigo
pelos campos,
ser feliz como eu era,
entre as ovelhas!


Dalcídio Jurandir

Então, já há algum tempo outros que não os Reis Magos, queriam dar de presente a Belém em seu aniversário o 'DIA DE ALFREDO'. Este Alfredo é cria de ficção do mago Dalcidio Jurandir e protagonista do Extremo-Norte, a obra literária mais importante da Amazônia brasileira. Um dia especialmente para discutir e difundir a Cultura Marajoara debatendo cultura amazônica em geral. 

Uma data simbólica que poderia ser o dia de nascimento de Dalcídio, 10 de Janeiro. Ou, talvez, 16 de Junho, que foi o dia da sua morte no Rio de Janeiro, onde ele entregou o corpo à terra fria e foi sepultado na cripta dos imortais da Academia Brasileira de Letras, no cemitério São João Batista. Pois a alma do índio sutil já estava livre há tempos correndo com o gado do vento pelos campos de Cachoeira.
Assim, o Dia de Alfredo lembraria o Bloomsday irlandês, tornando a criatura imortal de Dalcídio Jurandir referência como dia da literatura paraense. Na Irlanda, o “Dia de Bloom” é feriado nacional, em homenagem ao ícone da literatura irlandesa. Todos anos, em 16 de junho, os irlandeses celebram Leopold Bloom, personagem de Ulysses, a ficção de James Joyce que marcou o mundo das letras. 

O Bloomsday ultrapassou fronteiras e é festejado, inclusive, no Brasil. Na Amazônia paraense, a Assembleia Legislativa poderia aprovar projeto de lei declarando 16 de Junho feriado estadual, oficializando o Dia de Alfredo. O mundo inteiro fala de desenvolvimento sustentável e preocupa-se com a conservação da Amazônia como uma das regiões de floresta tropical de maior interesse para a biosfera planetária, mas são raras iniciativas práticas além do discurso ambientalista.
Ressalvados exageros e o jogo geopolítico internacional todo brasileiro deve saber quão séria é de verdade a questão da preservação da biodiversidade e da diversidade cultural para o desenvolvimento renovável da Amazônia. Mas, haverá algo mais renovável que a cultura na economia criativa de mercado, tendo um turismo inteligente e responsável como caixeiro-viajante? Por que não aproveitar melhor a figura do nosso maior escritor e o que ele com o poeta da negritude Bruno de Menezes e seus confrades modernistas da revista Belém Nova e da Academia do Peixe Frito?
O segmento universitário deve ser o primeiro a levar para a sociedade, através da extensão, a informação do que estes mestres da cultura amazônica representam para emancipação social de nossa gente. Assim também aprenderíamos, prontamente, como melhor associar a obra literária do “índio sutil” à arte primeva marajoara – primeira cultura complexa da Amazônia – , como explica a arqueóloga Denise Schaan. Criatividade e concretude devem andar de mãos dadas na “indústria sem chaminés”.
O Círio de Nazaré reconhecido pela UNESCO, por sua riqueza histórica e representatividade cultural, agora é patrimônio imaterial da humanidade e carro-chefe do turismo paraense. O turismo religioso não pode excluir o “carnaval devoto” da fala ingênua e atilada, ao mesmo tempo, de Alfredo em tudo que nele representa a criaturada de Dalcídio, que acompanha as diversas manifestações profanas do natal dos paraenses. A cultura alimentar tradicional, sobretudo, com o famoso pato no tucupi na mesa do Círio integrada na cadeia produtiva do tipiti e os “gados do rio” na agricultura familiar em economia solidária agregada à produção do “made in Amazônia” em geral. Esta mais valia é oportunidade de ouro para indústria cultural que se traduz em empregos e renda para população, seja ela devota ou não.
Mas os formadores de opinião, em geral, ainda tem muitas dificuldades para acabar de demolir velhos muros, cercas e barreiras herdados dos tempos coloniais entre setores produtivos e o vetusto mundo intelectual. Como diria o sociólogo italiano pós-industrial Domenico de Masi, o mundo contemporâneo carece de gerentes intelectuais. São raros os operadores econômicos capacitados a ultrapassar o fosso entre economia, cultura e meio ambiente. Do mesmo modo são poucos intelectuais preparados a entender as complicadas engrenagens do mundo governado pelo mercado. Mesmo no campo institucional, repartições do serviço público dialogam mal umas com as outras, com uma notável perda de tempo e de recursos produtivos.
Não é que se vá propor transformar literatura em mercadoria. Mas estamos diante de um caso patente de desperdício, quando a “Criaturada grande de Dalcidio” retratada em dez festejados romances, foge das páginas dos livros não lidos e nem sabidos para ocupar cidades e campos pressionando em busca de melhores dias e condições de vida. Enquanto isto, a Educação em crise é seguidamente apontada como porta de saída do purgatório da pobreza regional.
Então, o turismo literário integrado na paisagem cultural Belém-Marajó e mais regiões culturais paraenses não chegará jamais a ser a salvação da lavoura, nem do próprio Turismo, mas ele indica o melhor caminho do desenvolvimento social mais equitativo, aproximando a intelligentsia do país ao povo. Com exemplo da Festa Literária Internacional de Paraty como ponte de travessia por onde transitam personagens de ficção, autores, intelectuais, jornalistas especializados, críticos literários, operadores de turismo, formadores de opinião em diálogo aberto com a população local que se beneficia de conhecimentos, empregos e melhor distribuição de renda local.
Neste caso, cursos universitários ou profissionalizantes poderiam se associar a incubadoras de empresa no negócio do turismo, orientados pelo SEBRAE e financiados por bancos de fomento para alavancar o negócio do turismo, com destaque para a modalidade de turismo literário em tela. Os verdes prados da Holanda na ficção de Alfredo, na realidade corresponde a um ideal de desenvolvimento atual que vem das páginas sempre vivas do "Chove" e nos remete à paisagem cultural holandesa com seus velhos moinhos de vento, diques e canais que deram fama e milhões de cartões postais aos ecológicos e desenvolvidos Países-Baixos que de seus símbolos culturais e naturais não se desfez para chegar a altos padrões e vida, ciência e tecnologia e poderiam servir de fonte de inspiração ao desenvolvimento sustentável duma região de terras aluviais, água por todos os lados e vegetação que nem o Marajó.
Em Belém do Pará todo sujeito letrado sabe que a cidade da península do Guamá poderia no passado ter sido a Veneza amazônica, caso as autoridades coloniais portuguesas, que nunca pensaram como Eidorfe Moreira, no ensaio “Os igapós e seu aproveitamento”; por exemplo, não a tivessem aterrado e enfeiado indiscriminadamente e os que as sucederam nos diversos governos, com exceção do jamais esquecido Antonio Lemos, continuado a maltratar o patrimônio histórico. Porém nós acreditamos que melhor seria comparar a cidade das mangueiras a Amsterdã, rainha do Mar do Norte, com seus mais de 100 quilômetros de canais urbanos navegáveis aproveitados pelo turismo, dentre outras metrópoles da Europa.
Certa maneira de repensar a metrópole da Amazônia Oriental em seus 400 anos, poderia ser preparar sua candidatura a fazer parte da Associação Mundial de Metrópoles, onde se acham as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre em rede internacional de grandes cidades e cuja reunião de 2015 acontecerá em Buenos Aires. Nesta rede, inclusive, além de rotas já conhecidas poder-se-ia trazer de Paris desde o Sena caminho geoturístico passando pelas Antilhas, Guiana francesa e Amapá. Através de corredor ecológico de Macapá a Belém integrado ao Marajó, um viajante sem pressa, por exemplo, vindo de Paris a Caiena por avião poderia chegar a Macapá por rodovia e pegar barco para Afuá, onde o Parque Estadual Charapucu com área-núcleo da futura Reserva da Biosfera Marajó-Amazônia o aguardaria para orientá-lo a varar os centros, de norte a sul, da maior ilha fluviomarítima do mundo em canoa-motor pelo rio Anajás em direção ao Arari.
No meio do caminho fluvial marajoara habitado de margem a margem pela criaturada grande de Dalcídio, este hipotético ecoturista visitaria a cidade de Anajás, que guarda o nome de seus primeiros habitantes indígenas e passaria ao rio Arari, não sem antes visitar o Rio dos Camutins com seus sítios arqueológicos e conhecer o grande lago Arari, berço da antiga civilização marajoara. Então, neste imenso ecomuseu a céu aberto fazendo parte integrante do sui generis Museu do Marajó, inventado pelo padre Giovanni Gallo, pronto a descer até Cachoeira do Arari onde visitaria o dito museu e a casa de Dalcídio Jurandir.
Esse aventuroso viajante seguindo pegadas de naturalistas das viagens filosóficas, após saber da mais velha peça do Museu do Marajó saberia ter acabado de se converter na mais nova “peça” de coleção do inigualável museu do homem marajoara. E logo ele estaria pronto a continuar a viagem pela conexão rodo-hidroviária, através de Salvaterra – lugar histórico onde o escritor de “Marajó” começou sua obra literária – e, como o autor, também o visitante do caminho atravessaria a baía para, enfim, chegar a Belém do Grão-Pará. Por acaso, talvez, nas festas dos 400 anos da metrópole oriental da Amazônia.

Não por acaso, são cidades-irmãs Belém, capital do Pará, e Fort-de-France, capital da Martinica, região ultramarina da França. Neste mês de abril, os governos estadual do Pará e regional da Martinica assinam protocolo de cooperação internacional descentralizado, no quadro das relações Brasil-França. A ligação aérea de Belém com Paris está assegurada através de escala em Caiena e Fort-de-France, uma frequência com Miami (Estados Unidos) foi inaugurada e no próximo mês de junho será restabelecido o voo Belém-Lisboa agora num ponte aérea semanal incluindo Manaus em operação triangular. Portanto, na nova ordem mundial emergente a expressão geográfica de Belém – assinalada pelas análises de Henri Coudreau e Eidorfe Moreira – , pouco a pouco, vai sendo confirmada. Mas, devem ser os próprios paraenses que devem apressar o parto da nova história e não a ficar na defensiva retardando o passo com saudades do passado belle époque não voltará jamais. O que pode e deve ser feito, no seio da comunidade nacional e mundial em cooperação internacional, é a revitalização deste memorável patrimônio com inegável ambição do futuro da capital do Pará nas regiões amazônicas e do Caribe, notadamente quando Mercosul e União Europeia negociam acordo de livre comércio em risco do Norte do Brasil continuar à margem dos acordos e tratados de integração transfronteiriça. Quando, historicamente, Belém foi sede, e continua ainda, das demarcações de limites da Amazônia: espinha dorsal da integração da América do Sul.
O ingresso da metrópole da Amazônia Oriental na associação mundial de metrópoles será o maior presente que Belém do Pará pode aspirar em seus 400 anos. Tal reconhecimento por comunidade de mais de 100 das maiores cidades do mundo, abrirá muitas portas. Sobretudo, do turismo quando o Círio de Nazaré a exemplo de Santiago de Compostela, passará a ser um grande atrativo do turismo religioso de apelo internacional. Fica claro, todavia, que um caminho turístico sozinho não faz milagre... Mas, ele pode sim produzir muitas mudanças para melhor: por exemplo, gerentes intelectuais capazes de elaborar projetos dando concretude a ideias inovadoras, que ao ser submetidos à aprovação e financiamento estarão ipso facto contribuindo para tirar da margem da História regiões amazônicas isoladas e marginalizadas, contraditoriamente, no maior rio da Terra comparável ao Nilo em sua missão civilizadora. Então, assim, Belém do Grão-Pará terá cumprido seu manisfesto destino geográfico quatrocentos anos depois de sua fundação pelas armas combinadas de valentes soldados portugueses e bravos guerreiros tupinambás.

Para o “país” que se chama Pará, a canção "Porto Caribe", de autoria de Paulo André e Ruy Barata, é manifesto musical sobre nossas raízes étnicas, antropológicas e históricas envolvendo todas as Guianas venezuelana, guianense, surinamense, franco-guianense e brasileira abraçadas pela corrente do Amazonas que se vai juntar à corrente marítima das Guianas com seu extraordinário potencial científico e tecnológico pesqueiro. Belém cresceu de costas para o rio... Mas, doravante, a capital do Pará do Brasil sentinela do Norte volta-se para o grande mar de água doce e o Oceano profundo da Amazônia azul. Coisas iguais a estas emergem no pensamento da amazonidade nesta hora em que o turismo do Pará refaz sua aposta como indutor do desenvolvimento sustentável da Amazônia. Navegar é preciso, mas viver é mais preciso ainda: fazer uma ponte suspensa sobre o "Mar português" de Fernando Pessoa, além do Tejo e cabo Bojador, desta vez também do Sena e o mar das Caraíbas até a baía do Guajará a fim de ver o peso do tempo e do espaço para adivinhar "L'avenir de la capitale du Pará"... Misturar as línguas portuguesa e francesa num patois pato no tucupi bem gostoso e temperado.

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