começou a circular o rolezinho da Academia do Peixe Frito que vai direto do Ver O Peso pra depois do ano 2016.






















POETA BRUNO DE MENEZES: REITOR IMORTAL DA UNIVERSIDADE DA MARÉ, NOSSA FAMOSA ACADEMIA DO PEIXE FRITO.



Começou a circular o rolezinho da Academia do Peixe Frito que vai direto do Ver O Peso pra depois do ano 2016: 400 anos da cidade de Belém do Grão-Pará à vista. Aconteceu a primeira manhã no Umarizal, mais precisamente no Clube da Música / Ponto de Cultura Cafuzo,nosso parceiro de primeira linha além do horizonte do Ver O Peso. 

Pra começo de conversa recordamos mestre Tó Teixeira. Domingueira festeira, de 19/01/2014, vésperas do dia do Glorioso São Sebastião da Cachoeira (primeiro ano do registro no IPHAN como patrimônio cultural imaterial nacional), a Irmandade do Glorioso São Sebastião (IDGSS) nossa parceira desde o Centenário de Dalcidio Jurandir (2009). 

Rolezinho inaugural fora do eixo da maior feira aberta da América Latina, pela primeira vez houve participação do Ponto de Cultura FILHOS DO QUILOMBO, que passou a ser nosso parceiro e trouxe bela surpresa da significativa presença da criança na Academia do Peixe Frito, com a pequenina quilombola Ana Luísa acompanhada de seu pai, o sumano quilombola Raimundo Magno, dirigente da comunidade negra na tríplice jurisdição dos municípios do Acará, Abaetetuba e Moju. Alô, alô Baixo Tocantins esperem por mim...

Naturalmente, o parceiro ROTEIROS GEO-TURÍSTICOS, capitaneado pela confreira Goretti Tavares, anotou no caderninho potencial de quilombo no viés de ecoturismo na comunidade. A presidenta da "Associação Cidade Velha / Cidade Viva", prefeita honorária da Cidade Velha, Dulce Rosa Roque, fiel ictiófaga, estava lá com expressiva galera feminina ao lado da anfitriã Edielza Dias que organizou a festa. As mulheres do peixefrito assumiram o legado de Eneida de Moraes na Academia. Cumpre aqui registrar que as confreiras Dulce e Goretti são sócias efetivas do decano Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP), repetindo o fundador Bruno de Menezes na fronteira entre o erudito e o popular transitando à vontade.

O rolezinho inicial decorreu tudo nos trinques sob animada batuta do piloto-mor Comandante Zehma. Ah, a rima pobre de pé no chão! Turma ribeirinha sem eira nem beira no campo da História: TUDO VALE A PENA SE A ALMA NÃO É PANEMA... Paródia irreverente da célebre frase do grande Pessoa cantado em prosa e verso: Comunidade nossa a caminho da roça em primeiro lugar: "Tupy or not Tupy: that is the question"...

Abaixo os piratas do Caribe, a alta dos juros pela hora da morte e a opressiva fulanização dos herdeiros das capitanias hereditárias! "Fizemos Cristo nascer na Bahia ou em Belém do Pará". Pai d'égua! Aí Abguar Bastos na ponte Belém-Manaus bebeu água na fonte de Oswald de Andrade e começou o ajuricabano...

Vejam vocês, aconteceu no Umarizal quase por acaso o primeiro rolezinho da Academia do peixefrito: tudo bonito de ver o peso da verdadeira cultura paraense, que vence a leseira amazônica... Tudo a ver com quem viaja na negritude antropoética de Mestre Bruno. Pioneiro do cooperativismo, ou seja; da Economia Solidária nas regiões amazônicas. E 2014 é ANO INTERNACIONAL DA AGRICULTURA FAMILIAR... Tá ligado? 

Na hora de misturar farinha de tapioca ao seu "vinho" de açaí, quando vosmicê pegar sua porção de peixe frito no prato, dê gritos de aleluia à beira da cuia; mas não se esqueça da lida do sumano pescador na ponta de baixo da cadeia produtiva da Criaturada grande...

Louvado seja o milagroso São Benedito da Praia, Ossain, orixá poderoso. O Ponto de Cultura Cafuzo nosso parceiro na rede nacional e latino-americana de economia criativa sito à Travessa 14 de Março, 677 (entre as ruas Oliveira Belo e Diogo Moia). O Umarizal é um bairro temático cabano de Belém do Pará onde habitam nomes emblemáticos do movimento paraense para Adesão à Independência do Brasil. 

Por falar nisto, convém lembrar no próximo rolezinho de carnaval com o bloco Deixa pra lá, a SEMANA DE ARTE MODERNA, Piratininga-SP 1922; que foi o grito de independência das letras nacionais, cem anos depois do Ipiranga. A qual independência intelectual (pra não dizer pós-colonial) nossa ACADEMIA DO PEIXE FRITO fez supimpa Adesão com o eco do modernismo às margens nada plácidas do Guajará cabano, lá pelos idos de 1920 e 1930, com a iconoclasta revista "Belém Nova".


Aviso aos navegantes da contrainformação: nossa informalíssima academia não serve apenas pra comer peixefrito e tomar açaí. Doravante, como escriba-mor autodesignado (oh, pretensão!...)da confraria de amigos da Academia na rede mundial descolonial e ictiófago na velha guarda de São Benedito da Praia, acho interessante o caboco que vos fala suscitar diferentes palpites a fim de estimular leitura desta nossa primeira manhã de rolezinho cultural fora do eixo tradicional do complexo (sic)do Ver O Peso. 

Ontem, dia do Glorioso São Sebastião, fui mariscar o tempo na ilha do Moqueio [Mosqueiro] tramando rolezinho futuro naquelas bandas e, por acaso, fisguei na memória visual imagens de garças cheias de graça na paisagem cultural da feira ao lado da ponte do Cajueiro. Muitas garças conviventes com peixeiros e fregueses à beira do igarapé com suas bonitas palafitas... 

Juro pelos juros da taxa Selic, que senti dó do Ver O Peso sitiado pela arrogância da elite papachibé e a mediocridade de suas lideranças locais sob império de urubus malandros...

Recordar é revitalizar o patrimônio imaterial na memória coletiva (vulgo História). Como diria meu idolatrado Espinoza, não rir nem chorar, mas compreender... O contraditório é nossa lei segundo a amazonização da antropofagia cultural.

Pois o primeiro a fazer é lembrar a dialética entre geografia e história de Belém do Grão-Pará da qual a Câmara Municipal de Belém é incontornável e está metida até o pescoço desde os primeiros dias da organização social e política da mais velha cidade da Amazônia, prestes a completar 400 anos de fundação. As 39 ilhas de Belém da Amazônia formam o arco de resistência, mais a ilha dos Tupinambás ou antes Ilha do Sol; apagada do mapa pelo tacão do Marquês de Pombal debaixo do nome "Colares", dentre o colar verde das ilhas do mundo amazônico, onde Caratateu reluta em abandonar seu nome nativo e Mosqueiro resta indecisa.

Nesse negócio mal resolvido de troca-troca de nomes, a luta foi pra rua com a resistência do "movimento Apinagés". Por outra parte, o caso fora de série da Avenida Dalcídio Jurandir ficou na casa do sem jeito, trocado, precipitadamente, sob lobby esquisito de pastores evangélicos sobre vereadores da Capital que não acharam outro lugar para homenagear o centenário da AD, por suposto, na esperança de votos.

É claro que nossa confraria não tem votos a barganhar nada. Mas, como disse o confrade Januário Guedes, temos capacidade de ser ampla caixa de ressonância de debate democrático da cidadania belenense. De modo que, quando derem ouvidos a comedores de peixefrito e tomadores de açaí do Veropa, vão ver o peso duma comunidade interativa capaz de fazer eco às mais variadas discussões da cidade. 

Por exemplo, se em vez de fazer exibição de força os apagadores da então Avenida Dalcídio Jurandir, tivessem feito a gentileza de escutar nossa modesta opinião; uma ampla maioria de formadores de opinião e vereadores fariam mudança consensual do nome da Travessa 14 de Março, para Travessa Centenário. Posto que este nome de rua é um anacronismo conservador sem pé nem cabeça: aniversário natalício da esposa de Dom Pedro II, que nada tem a ver com a evolução histórica da cidade de Belém.

Eis o que a Travessa 14 de Março deveria lembrar aos nobres representantes do povo de Belém do Pará: o nome aristocrático de Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias, cujo nome completo em italiano era Teresa Cristina Maria Giuseppa Gasparre Baltassarre Melchiore Gennara Rosalia Lucia Francesca d'Assisi Elisabetta Francesca di Padova Donata Bonosa Andrea d'Avelino Rita Liutgarda Geltruda Venancia Taddea Spiridione Rocca Matilde (Nápoles, 14 de março de 1822 - Porto, 28 de dezembro de 1889), foi uma princesa do Reino das Duas Sicílias, do ramo italiano da Casa de Bourbon, terceira e última imperatriz-consorte do Brasil, esposa do imperador Dom Pedro II. Foi mãe da princesa Isabel e D. Leopoldina, princesa imperial do Brasil e princesa do Brasil, respectivamente.

Acho que eventual mudança de nome da 14 de Março para "Centenário" cairia bem quase sem discórdia. Todavia, quiseram criar calo político com aqueles que recentemente haviam homenageado o maior escritor paraense não longe de seu centenário de nascimento (2009). A quem interessa demonstrações de ignorância ou arrogância política com esta?

Pela parte que me toca, sou de opinião que a Câmara de Vereadores nos deve uma satisfação, assim como o prefeito municipal não deveria simplesmente vetar o projeto aprovado pela Câmara considerando a Academia do Peixe Frito como patrimônio cultural imaterial sob argumento legal sem mais considerações, via executivo, com o mesmo objetivo. Vetar por vetar sem oferecer alternativas é, simplesmente, dizer que não quer conversa com a plebe.

Pois vamos insistir pelo reconhecimento oficial da APF em memória de Bruno de Menezes, Tó Teixeira, Eneida de Moraes, Abguar Bastos, Raul Bopp, Dalcídio Jurandir, Jacques Flores, Rodrigues Pinajés, Vicente Salles e muitos outros que merecem ser relembrados nos 400 anos de Belém. 

Neste embalo, por que não propor aos ilustres Vereadores uma oportunidade de compensar o malfeito do apagamento vergonhoso da recentemente inaugurada "Avenida Dalcídio Jurandir"? Agora pela mudança do nome da 14 de Março para "Travessa Dalcídio Jurandir". É uma vergonha para a cultura paraense o fato da cidade do Rio de Janeiro ostentar a Rua Dalcídio Jurandir, na Tijuca, enquanto Belém tem uma pracinha mixuruca em "homenagem" ao maior escritor da Amazônia.

Vejamos como a 14 cairia bem para, doravante, chamar-se Travessa Dalcídio Jurandir. Esta via urbana nasceu no igarapé Murutucu para ligar os bairros da Condor, Cremação, Nazaré e Umarizal. Nenhum deste bairros, de forte apelo histórico popular, tem nada a ver com a imperatriz Teresa Cristina de Bourbon. O Umarizal em seu nascimento nada teve de aristocrático, no passado o bairro suburbano foi reduto de intelectuais, boêmios e lugar de batuque imortalizado na obra de Bruno de Menezes. O Telégrafo, por vezes lembrado no romanceiro de Dalcídio Jurandir como São João do Bruno, integrou-se ao Umarizal.

Belém até a segunda metade do século XIX havia seu centro urbano em apenas três bairros, a Cidade Velha(Freguesia da Sé), Campina(Freguesia de Sant'Ana) e partes de Nazaré e Batista Campos(Freguesia da Trindade). O Umarizal era subúrbio onde se achavam fazendas e moradia de gente pobre, no entanto, com o ciclo da borracha o Umarizal passou a ser valorizado pelos novos ricos da cidade. O apogeu de Belém, entre fins do século XIX e inícios do século XX, atraiu migrantes de várias regiões, sobretudo do Nordeste.

Em pouco tempo as três freguesias da cidade não atendiam a grande população que crescia rapidamente. Neste período surgiu uma nova classe de abastados no Pará, comerciantes que lucravam com as casas aviadores e seringalistas. Várias famílias ricas dessa fase econômica construiram residências, palacetes e casarões luxuosos em lugares afastados e ainda pouco povoados, o que originou os bairros de Nazaré, Batista Campos e Umarizal. Uma das vantagens eram os grande lotes de terra a preço baixo. Por causa da expansão urbana e especulação imobiliária pessoas pobres desses bairros foram empurradas a áreas afastadas, transformando o subúrbio daquela época no que presentemente são bairros valorizados como a Pedreira e o Telégrafo.

O nome Umarizal é o mesmo que Marituba, ele deriva da presença de muitas árvores de umari, planta nativa da Amazônia. Grande parte das ruas do Umarizal lembra os patriotas da Adesão do Pará à Independência do Brasil. Outras ruas, como Dom Romualdo Coelho e Dom Romualdo de Seixas, lembram paraenses envolvidos por episódios da Cabanagem. A maior revolução popular na Amazônia, entre 1835 e 1840, e a única na América Latina em que o povo assumiu o poder durante breve tempo.



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