POBRE MUNDO DESENVOLVIDO


Nelson Mandela: símbolo mundial de Paz e Reconciliação.


A URGÊNCIA DE UM PLANO DE RECONSTRUÇÃO DO TERCEIRO MUNDO E REDUÇÃO DAS DISPARIDADES ENTRE REGIÕES NACIONAIS PARA ELIMINAÇÃO DO APARTHEID GLOBAL ENTRE POBRES E RICOS.

A última semana terminou viciada em rock no Rio de Janeiro, com mais fechadura monetária na reeleição sem surpresa na Alemanha de Angela Merkel, a mulher mais poderosa do mundo segundo a Mídia; e terrorismo em Nairobi com enredo pronto para mais um filme do cinema de violência na eterna luta entre o Bem e o Mal (o diabo é distinguir claramente de que lado se encontram os bons e os maus).

No decorrer do período com secas, chuvas e tempestades, a guerra-civil na Síria continuou na ordem do dia com seus crimes contra a humanidade - de parte a parte - a provocar a volta da Guerra-Fria; houve mais um tiroteio maluco com mortes de inocentes desarmados nos Estados Unidos com seu estúpido comércio de armas prêt à porter; as damas de luto da Globo insatisfeitas e ansiosas pela demora em ver Zé Dirceu na cadeia, com culpa ou sem culpa, à força da teoria do Domínio do fato (teoria nazista que nem a Alemanha usa, informa o insuspeito jurista conservador Ives Granda) e o Papa Francisco continua a fomentar o purgatório da Cúria chamando desta feita para rezar juntos em Roma o peruano Gustavo Gutierrez, pai da condenada Teologia da Libertação - ou seja, da opção preferencial pelos pobres -, antes silenciado com seus seguidores por decreto papal de João Paulo II e Bento XVI. E, ato contínuo, Francisco fustigou mais uma vez o "deus Dinheiro"... O Rio de Janeiro continua lindo, todavia a polícia pacificadora carioca continua sem dizer patavina sobre onde o ajudante de pedreiro Amarildo está... E lá vamos nós felizes da vida para a Copa do Mundo de Futebol e as eleições gerais de deputados estaduais à presidente de la república. E Deus nos livre que Dilma venha ser despejada do Alvorada nessa história (mal com ela, pior sem ela).

Mas, em menos de 24 horas, tudo isto já é passado... E a segunda-feira em Nova Iorque começa com a ONU a dizer para a cidade e o mundo entre guerras e recessão, que a Pobreza vai continuar em alta. Até 2030 a previsão de que não serão menos de 300 e tantos milhões de seres humanos abaixo da linha de pobreza extrema. Se o cenário piorar, então, poderemos chegar até a 1 bilhão de párias na Terra. 

Belo espetáculo! A gloriosa Civilização que espiona os confins do sistema solar e aprendeu a medir a temperatura do núcleo do astro do dia chegando até à "partícula de Deus" (bóson de Higgs) com a invenção do acelerador de energia em miniatura do Big Bang; mostra-se, entretanto, política e socialmente incapaz de reduzir a Pobreza a um nível planetário decente para a orgulhosa espécie autodenominada Homo sapiens! Uma vergonha, seja para os tais detentores do prêmio Nobel ou para qualquer pessoa sabendo ler e escrever.

A China e o Brasil são apontados como os dois países que mais tiveram êxito na redução da pobreza extrema. Todavia, mesmo neste caso o resultado está longe de constituir uma vitória. Ali os chineses alcançam o desenvolvimento ao custo de uma expansão industrial que se sustenta da extração de recursos não renováveis na África, América Latina e outras regiões menos desenvolvidas. Aqui os brasileiros vão melhorando ao preço da exportação de minérios e do agronegócio agressivo contra direitos humanos de populações tradicionais e devastação do meio ambiente, um progresso que não é sustentável a longo prazo.



O RICO "CELEIRO DO MUNDO" E SEU POVO EMPOBRECIDO PELO DESENVOLVIMENTO ALHEIO.

A pobreza e a devastação do meio ambiente na Amazônia foram importados do exterior e o crescimento da dita pobreza e devastação continuam sendo reproduzidas pelo "modelo" de desenvolvimento nacional.

O célebre mandamento da Ditadura na construção da rodovia Transamazônica ("homens sem terra para terras sem homens") não é apenas o rompante de um general comovido com o drama secular da seca no Nordeste. Esta frase expressa uma antiga doutrina, também ela importada das assombrações colonizadoras e imperiais do Ocidente e Oriente. A psicanálise da História e arqueologia das ideias podem esclarecer muita coisa do presente e prevenir o futuro.

Os pobres do mundo sempre são os últimos que falam e os primeiros que apanham. Mas, sem os pobres da Terra, os ricos ainda que servidos de um exército de robôs teriam que sofrer uma adaptação dramática em seus hábitos de produção e consumo. A magia do cartão de crédito e da moeda perderia grande parte de seu poder sobre as massas iludidas pela Propaganda do famoso "pão e circo". Uma espuma monetária que não faria mais o menor sentido.

no fim da história do capitalismo Malthus rirá por último ou Marx terá sua última chance ?


A população economicamente ativa da Terra (está na hora de ver que a "riqueza das nações" não é tão nacional assim, desde que a Inglaterra detonou a autonomia econômica do Paraguai, no século XIX, para o que os "voluntários" da Pátria foram convocados a ir à guerra no país-irmão) tem que suportar sobre os ombros, como Atlas ao mundo, carga crescente para sustentar a infância em número decrescente, porém compensada pela longevidade dos idosos. Imaginar que as máquinas controladas por robôs podem substituir a classe dos trabalhadores não é uma utopia, é uma loucura.

Os ridicularizados programas brasileiros Fome Zero e Bolsa Família, pela elite tupiniquim, chamam atenção mundial. A diplomacia do Brasil emplacou a FAO e a OMC respaldada pela maioria de países do sistema da ONU contra votos de países-membros que insistem na velha divisão internacional do trabalho e se opõe, na prática, à reforma da ONU que faz unanimidade no discurso oficial a cada rodada solene da Assembléia-Geral. 

Mas, enquanto a OMC está travada pela pressão das empresas transnacionais, notadamente em matéria de transferência de tecnologia e comércio de produtos agrícolas; a FAO informa que a tecnologia disponível é bastante para alimentar toda população da Terra até cerca de 2050. E aqui os brasileiros precisam ver que, estrategicamente, a EMBRAPA supera a Petrobras, com pré-sal e tudo mais.

Neste horizonte, caso a evolução demográfica atual seja constante, a população humana do planeta estará em torno de 7 bilhões de pessoas e começará a se estabilizar inicialmente e decrescer em seguida. Nada garante que, até lá, não aconteçam bruscos incidentes de percurso (guerra atômica, epidemias por doenças desconhecidas, catástrofes naturais).

O Brasil investe, aproximadamente, US$ 4 mil por pessoa/ano em programas de combate à pobreza, segundo o relatório “Investimentos para acabar com a pobreza”, da organização Iniciativas do Desenvolvimento. Nosso país ocupa o 12º lugar entre 148 países em desenvolvimento. O Brasil aparece, ao lado da China, como país de “grande progresso na redução da pobreza”.
“Durante períodos de crescimento econômico rápido e sustentado, ambos (os países) reduziram dramaticamente o número de pessoas em extrema pobreza. Os recursos do governo também subiram rapidamente, para US$ 4 mil por pessoa no Brasil e US$ 1.760 na China”, diz o relatório, aduzindo que as perspectivas para erradicação da pobreza no Brasil "são boas", lembrando ainda que em 2000 o Brasil gastava US$ 2.730 em programas sociais para reduzir a pobreza.

Do conjunto de 38 países em desenvolvimento com gastos anuais acima de US$ 2 mil por pessoa, o Brasil fica com cerca de um terço da população. Ou seja, 12 milhões sobre 30,1 milhões de pessoas. O documento coloca o Brasil como referência mundial em política de transferência de renda. O foco de tais programas de transferência de renda, segundo o documento, ajudou na redução das desigualdades sociais e regionais. Destaca, no entanto, que apesar dos programas de transferência de renda, os fatores mais importantes para a redução da pobreza foram geração de emprego formal e a política de fortalecimento do salário mínimo.

O que será o amanhã?

Visto de fora para dentro o Brasil está bem na foto, apesar da contra propaganda feita através da "grande" mídia "nacional"... De dentro pra fora - no ponto de vista do povão das periferias, altos rios e sertões - a coisa começou a melhorar, masporém ainda falta muito. Os direitos humanos dos povos tradicionais (índios, quilombolas, ribeirinhos, sertanejos, pescadores artesanais...), por exemplo.

Qualquer país na situação do Brasil poderia escolher uma de suas regiões com pior IDH a fim de dar demonstração efetiva de redução drástica da Pobreza, proteção do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. O arquipélago do Marajó, por exemplo. 

Aliás, os chamados Planos de Desenvolvimento da Amazônia imitaram o modelo norte-americano do Tennessee Valley Authority (TVA), corporação federal dos Estados Unidos criada em 1933, para desenvolver a região do Tennessee durante a Grande Depressão. Capitalismo estatal na veia - que nem a invejável China de hoje -, quando até mesmo na terra de Tio Sam o Consenso de Washington ainda não havia imposto sua macumba ao resto do mundo. O TVA foi concebido como agência de desenvolvimento econômico regional para modernizar rapidamente a economia e a sociedade da região. Nunca foi o caso da nossa célebre SUDAM, por exemplo, que fez renúncia fiscal para incentivar empresas estrangeiras, inclusive, derrubar a Floresta Amazônica e fomentou trabalho escravo e outras coisinhas mais.

Uma demanda da sociedade civil através dos bispos católicos da Diocese de Ponta de Pedras e Prelazia do Marajó, em 2006, foi atendida pela Presidência da República mediante o "Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Aquipélago do Marajó - PLANO MARTAJÓ", em 2007. Todavia, longe deste plano ter sido uma intervenção federal como era esperada, um TVA marajoara para o maior arquipélago (que é mais que ilhas, posto que metade é faixa continental) fluviomarinho do mundo, no delta-estuário da maior bacia fluvial do planeta; esbarrando em mil e uma dificuldades ele figura até o momento como um parto da montanha. E o resultado deste vacilo federativo está expresso na lista dos municípios brasileiros de pior IDH, o pior de todos eles sendo Melgaço, um município fundado em 1659 pelo Padre Antonio Vieira, como aldeia de Aricará elevada, em 1758, como vila no contexto da expulsão dos Jesuítas de Portugal e suas colônias.

Certamente, a tecnoburocracia de Brasília e Belém ignora estas coisas estúrdias que se caíssem em concursos públicos derrubariam milhares de candidatos. E a Universidade lato senso não tem interesse acadêmico para tanto, sempre ocupada por assuntos mais supimpas para prestígio de carreiras que pouco impacto tem para as populações mais pobres.

Muita gente preocupada com 2014 e a refundação do PT como âncora da coalizão de centro-esquerda que governo o país. Porém é preciso sondar o futuro para além de 2018 e talvez fosse melhor para a Democracia Brasileira refundar o MDB na expectativa de vir sair deste novo MDB lideranças políticas que o Povo Brasileiro reclama: o PMDB que aí está se tornou um partido-ônibus do interior. Mas deveria preparar-se para o "campenonato" mundial numa eventual e até desejável alternância de poder, que hoje está longe de assumir, dentro do governo, em melhores condições que qualquer partido conservador de oposição. 

Voltamos a apontar à oportunidade do pobre, isolado e quase desconhecido Marajó como projeto-piloto de desenvolvimento regional sustentável, capaz de se tornar referência regional e internacional. Dizemos isto, com a larga experiência das últimas décadas, certos de que os arrogantes donos do Poder e seus incompetentes e vaidosos conselheiros não estão nem aí para coisas visionárias como estas. Segundo eles, os cães ladram e a caravana passa. Emendamos nós, segue a carruagem da presunção direto ao fiasco da perda de tempo e dinheiro público. Então, a esperança que venceu o medo perde também a paciência...

Merkel reeleita pela civilizada Alemanha assustada com o naufrágio da Europa segurando as pontas da austeridade, significa dizer que os emergentes BRICAS são a tábua de salvação dos juros altos para manter bancos europeus respirando. O trânsito engarrafado de automóveis pelo crediário nas cidades brasileiras movidas à publicidade remete lucros às donas das marcas no exterior e segura as contas dos jornalões de oposição ao governo... 

Entende? Sem reeleição de Dilma e sua política de transferência de renda, o fator de incerteza aumenta em todas latitudes da globalização sem fronteiras. Tempo para manter rumos - como diria o general-presidente Geisel - para "abertura lenta e gradual" de perspectivas... Se o Brasil chinar demasiado à esquerda haverá choro e ranger de dentes, se cambar demais à direita haverá estouro da boiada... 

Segura peão! Daí que Aécio das Neves quer conversar com todo mundo, mas pouca gente quer conversa com o neto de Tancredo ou com o neto de Arraes. E os outros pretendentes ao Planalto já disseram do que são incapazes... Marina, por exemplo, perdeu o barco da história no primeiro estirão do rio das Amazonas abaixo.

Mas, neste novo mundo pós-colonial em marcha para o multilateralismo, proteção da biodiversidade, diversidade étnica e cultural, há espaço à desconcentração urbana, autogestão local, agroecologia familiar, microcrédito; economia solidária... Em suma, capitalismo estatal para revigoramento dos municípios menos desenvolvidos. Educação continuada e promoção de universidades de terceira idade nos lugares mais carentes em todo mundo. Todas essas utopias possíveis proclamadas pelo Fórum Social Mundial dialogando inteligentemente com Davos.

Não é apenas a direita que tem que descer do salto alto. A esquerda também precisa fazer autocrítica e avançar para um amanhã mais justo e seguro para todos. O povo está farto de guerras e heróis mortos. Carece agora se empoderar da Democracia a fim de que esta, como diz Mandela, deixe de ser uma "concha vazia". Afinal de contas o povo no poder deve ser algo mais que um simples slogan político ou um mote revolucionário.

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