cair na real depois da queda do "Real Class" de Belém do grão Pará

Índio não quer apito e caboco não quer ônibus velho, sujo e fedorento. Transporte coletivo urbano decente pra gente, já! Novo capítulo da tragédia urbana de Belém do grão:
  • queda do espigão "Real Class" levanta de novo a tragédia do edifício "Raimundo Farias", sepultada há 30 anos no arquivo morto do Judiciário e esquecida por detrás da cortina de propaganda imobiliária ávida de lucros e espaço "nobre", numa ilha de novos ricos promovida pela devastação da Floresta Amazônica e outras tragédias socioambientais, tais como a violência, crise da Saúde Pública cercada de pobreza por todos os lados;
  • na tragédia urbana de Belém do Pará, além da QUEDA da "Belle époque" da Borracha com seus casarões arruinados e demolidos para dar lugar a espigões-baterias de acelerador do efeito estufa global, esconde ruína sem dó do PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL (malgrado revitalização pontual de certos lugares simbólicos...) que merecia ser democratizado pela indústria e comércio da Cultura & Turismo, através duma EDUCAÇÃO PATRIMONIAL PARA TODOS, muito mais arrojada do que o mais arrojado dos planos de educação municipal, estadual, federal e até mundial talvez. Que não nos acusem de complexo de INFERIORIDADE, depois de tontos (sic) complexos urbanitas por aí;
  • para isto, a antiga "Cidade do Pará", velha praça de guerra e boca de sertão crescida à sombra do Presépio a ser alimentada, dia a dia, em berço caboco na feira do Ver-O-Peso, devia despertar do canto de sereia da MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA;
  • sarar seu congênito Apartheid socioambiental relembrando o fracasso do natimorto PlANO GRONFELTS morto e enterrado pelo despotismo português iluminado sob carradas de aterro até desaparecer a teia de canais, furos e igapós na várzea formada pela bacia do Igarapé do Piry...
  • noves fora o teso da Cidade Velha toda Belém até o Marco da Légua é uma baixada assassinada, onde outrora foi viva paisagem natural igapórea, memória do lugar de "Comedia do Peixe-Boi" (não comédia, como pensam revisores de texto na tragi-comédia da mídia regional), por exemplo, mais tarde a praça Amazonas em cuja beira deu-se a tragédia carcerária da Cadeia São José e boa hora transformada no polo de artesanato São José Liberto numa clara saída aos "inferno verde" em busca da mítica Terra sem Mal para todos...
  • a memória emblemática do PLANO GRONFELTS (1771), recusado pelo Conde dos Arcos depois que o engenheiro alemão (cheio de 'água que passarinho não bebe' e possuído do espírito da aguardente contradisse o zeloso vigário da igreja de Santana da Campina, duvidando da infabilidade canônica do Papa...), deveria restaurar o debate URBI ET ORBI [da Cidade para o Mundo; no caso, da cidade morena amazônica para o mundo em MUDANÇA CLIMÁTICA] sobre o urbanismo ribeirinho da "VENEZA AMAZÔNICA", que a população da península de Belém merece, não só para novos ricos com poder econômico de compra de apartamentos a R$ 500 mil, mas para todos habitantes, da Vila da Barca até a antiga estrada de Nazaré, p. ex.;
  • pena que o marketing das construtoras não tem futuro ao navegar em águas passadas e a pressa de venda de mais e mais apartamentos e automóveis zero km não tenha tempo para ouvir o que a gente tem a dizer, sobretudo, sobre POLÍTICA URBANA INTEGRADA E SUSTENTÁVEL... Caso contrário, Habitação - Transportes - Comunicação seriam matérias de primeira necessidade a par de SAÚDE, SEGURANÇA e EDUCAÇÃO... Mas a esquizofrenia das cidades nos torna a todos reféns de cartéis dos transportes e da construção civil, sejam eles no setor de represas, rodovias ou pontes do nada para lugar nenhum...
  • para reacender o debate, carece reler a teoria geopolítica de Henri Coudreau entregue às traças dos Anais do Arquivo Público do Estado, "L'Avenir de la capitale du Pará"; aprofundada por Eidorfe Moreira em "Belém e sua expressão geográfica"...
  • Do mesmo Eidorfe Moreira, antes de passar a palavra aos geólogos sobre a natureza do subsolo da capital paraense, convém resgatar a ideia de uma capital ECOLÓGICA com extraordinária afinidade ECONÔMICA com o dito plano GRONFELTS, aterrado na lama colonial do séc. XVIII;
  • Eidorfe, ver em Obras Completas "O igapó e seu aproveitamento",  pinta uma METRÓPOLE DA AMAZÔNIA do futuro... Coisa pra deixar militante verde em transe!!!
  • mas, para o Povo Trabalhador belenense, enquanto o Feijão é o Sonho fica IMPOSSÍVEL socializar Educação Patrimonial e Política de Emprego / Distribuição de Renda;
  • a cidade que cresceu de costas para o rio e escala as altura rumo ao reino das nuvens precisa "cair na real" depois do desabamento do "Real Class": o edifício, pela voz de uma das vítimas mostradas na TV (o jornalista Donizete César, que teve a residência destruída pela queda de destroços do edifício em construção), o desabamento do "Real Class" foi, na verdade, a "crônica de uma tragédia anunciada"...
  • Oxalá, não seja também preâmbulo de mais tragédias urbanas com coadjuvante do trânsito caótico... ALGO ESTÁ MUITO ERRADO NO URBANISMO AMAZÔNICO, seja em Manaus, Macapá ou Belém do Pará;
  • devemos ouvir a voz dos Sindicatos de Trabalhadores da Construção Civil, de Motoristas de Transporte Coletivo, Comerciários, Professores, da juventude estudantil...
PELO MENOS JÁ TEMOS UM SUSPEITO: como diz a canção, "a culpa é da mentalidade".

Aerea!

Vista aérea da cidade de Belém! cada vez mais verticalizada.

01/03/2006 Publicada por Afonso

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