UM PAÍS QUE SE CHAMA PARÁ




UMA LUZ NA ESCURIDÃO DO MAR TENEBROSO

Com a guerra nas estrelas, a torre de Babel elevou-se muito acima das nuvens a bordo de foguetes e satélites artificiais e se chamou internet. Como tudo na vida isto é uma arma de dois gumes.  Ainda tribos da antiga Mesopotâmia vagavam sobre a terra com seus sonhos misteriosos e profecias conservadas pela literatura oral antes que se escrevesse a Biblia e talvez nesta beira do Atlântico índios escreviam junto às estrelas do céu suas memórias e traçavam rumos de navegação para descoberta do país ao qual chamavam Arapari (constelação do Cruzeiro do Sul), mais tarde Brasil pelos nautas lusíadas.

Entretanto, aquilo que era antes da História seja pela crença do 'fiat lux' ou através da teoria do 'big bang' continua sendo o que de fato sempre foi e será: mas, nada disto aparentemente será como dantes neste e noutros mundos e fundos do vasto mundo de Drummond.

Há apenas 2000 anos, desde a singela região da Galiléia, no Oriente Médio; a humanidade está realizando a maior revolução da história geral: fazer do bicho-homem, tirado do barro da Terra durante milhões de anos; o animal político de Aristóteles - filho do Homem sapiens - sobre o qual a civilização do amor e da paz edificará o Futuro à luz do primitivo manifesto comunista dos Terapeutas ou seita dos Essênios de João Batista e do Sermão da Montanha do rabi da Galiléia. 

Isto é curioso sob todos pontos de vista: posto que a revolução humana através da espiral evolutiva da História; vinha da periferia apesar da antiguidade e majestade das velhas civilizações da época na Índia, no Egito, na Grécia e Roma que se digladiavam entre si e repercutiam pelas margens dos caminhos das caravanas inquietando aldeias e cidades levando riquezas como também pobreza e sofrimentos a homens, mulheres e crianças. 

É preciso o combustível da fé para mover o veículo da razão na travessia do grande sertão (pode chamar de Utopia a esta perigosa travessia e não estará muito distante da verdade).

Desde o coração selvagem da mãe África a humanidade filha da animalidade se dispersou pela face da Terra. Através da Ásia os primeiros humanos chegaram a América, há mais ou menos uns 11 mil anos (certo que pelo extremo-sul populações negróides, de maior antiguidade do que os asiáticos; deixaram vestígios em Minas Gerais e talvez até o Piauí, mas não há evidências de que tenham sobrevivido).

"Última fronteira da Terra", sob ponto de vista arqueológico das primeiras diásporas; a chamada "Amazônia" (país das mitológicas mulheres guerreiras importadas da Capadócia) viu nascer a primeira aldeia (sociedade sedentária complexa) bem mais tarde que na Europa. Na ilha do Marajó, entre os anos 400 e 500 da era cristã.

Então a civilização amazônica amanhecia na América do Sol, quando no velho mundo o império de Roma começava a entrar no ocaso. Agora, com a era da internet (ou seja, a Inteligência Coletiva), o vasto mundo assiste ao que se pode chamar terceira onda da mesma revolução universal assinalada pelo nascimento de Jesus Cristo, em Belém (Palestina). 

Se o catecismo judeu-cristão ensina que a Natividade aconteceu na província do Império Romano chamada Judeia; a contra-cultura antropofágica brasílica faz Cristo nascer na Bahia, país afrocescendente; ou em Belém do Pará, metrópole morena. 

Mestiçagem obriga...

PORTO CARIBE

A mundialização, em curso no presente, integra o Planeta pela cúpula das nações e inventa o futuro da humanidade. Ao mesmo tempo, num processo sumamente dialético; ela revolve o passado de diversas regiões da Terra em busca das diferenças e identidades territoriais perdidas fragmentando e dividindo o espaço global. 

Este movimento de libertação das mentalidade é essencial ao progresso dos povos e fundação de uma época de justiça e paz para todos como reza a Carta da Organização das Nações Unidas (ONU), a cabo das duas grandes Guerras Mundiais e custo do Holocausto e da hecatombe atômica de Hiroxima e Nagazaki dentre outras atrocidades de parte a parte.

Deste modo, à margem da História o grande Pará - região amazônica ancestral, organizado em estado da República Federativa do Brasil - se acha a bordo da união da América do Sul e Caribe com a potencialidade de um renascimento da primeira civilização da Amazônia. 

Entretanto, para operar um tal resgate seria preciso os próprios paraenses, através de suas universidades e entidades políticas e culturais; rever a imperfeita descolonização do Brasil que vitimou o povo paraense, de tal ordem que passados 190 anos da Adesão do Pará à Independência do Pará a falsificação desta história resta a ser devidamente denunciada para triunfo da verdade histórica. 

Neste momento em diversas cidades do Estado do Pará agitam-se as pessoas com as injustiças sociais, disfunções políticas, que se refletem nas infra-estruturas urbanas caóticas após a violência no campo e o êxodo rural invadir a região metropolitana principalmente. Há apenas um ano um plebiscito submetia o povo à votação para dividir o Pará a fim de criar os estados de Carajás e Tapajós, no Congresso em Brasília um projeto de criação do Território Federal do Marajó reflete mal-estar advindo dos anos de 1960 sobre a forma como a coisa pública é tratada no Norte brasileiro.

A Comissão da Verdade busca nos arquivos mortos da Ditadura os crimes mais recentes. Naturalmente, a transparência não interessa aos Corruptos nem a verdade aos criminosos da Guerra-Fria.

Todavia, como as boas novas da revolução de Jesus anunciaram ao mundo oprimido pelos impérios desde os tempos de Moisés no Egito, "verdade vos salvará"... A verdade, o que é a verdade? Indagou o cônsul romano Pilatos ao torturado Jesus de Nazaré. Esta tremenda pergunta pesa sobre a consciência do mundo.

O que é a Verdade?

Para os pobres do mundo a verdade nua e crua é que a História tal como a conhecemos está indo a pique, que nem o "Titanic", batendo de encontro com a realidade do Homem à margem da história. E o homem amazônico já estava aqui enquanto Cristóvão Colombo com seus parentes cristãos-novos suportavam na Europa perseguições que viriam a se abater contra milhões de indígenas e depois negros escravos arrastados da África em navios negreiros.

O Pará com seu porto antigo no Caribe é a obra-prima da Amazônia e o Marajó é a joia da coroa brasileira. Quem não vê está cego, como disse o Padre Antônio Vieira, no Maranhão em 1654, no "Sermão aos Peixes". E a verdade verdadeira é que também o "payaçu dos índios" não viu tudo isto que é patente aqui e agora no bojo da mundialização.








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