O AÇAÍ É NOSSO!

 
cultivo de açaízeiro em agricultura familiar




Palácio Lauro Sodré, na Praça D. Pedro II - Cidade Velha -  Museu de História do Estado do Estado.

Símbolo do poder estadual, o antígo palácio que leva o nome do líder repúblicano conserva a memória dos grandes acontecimentos históricos no rio Amazonas desde a fundação de Belém do Pará. 

Sirva este monumento ainda mais para animar os governantes do Brasil e Pará a estabelecerem uma vigorosa política de defesa do desenvolvimento econômico justo e sustentável da Amazônia beneficiando, em primeiro lugar, os habitantes da região. A fracassante e centenária história da Borracha - apesar da venturosa belle époque com seu rico patrimônio material - pesa como uma advertência incontornável.

Agora o açai se apresenta como uma chance para o desenvolvimento econômico e social sustentável para vastas camadas da população sempre marginalizadas e pobres. Não é, certamente, um substituto da Hevea nem faz sombra às exportações minerais. Todavia, é um recurso natural renovável com potencial industrial e comercial notável. Urge pois uma política nacional para o açaí como foi o caso do Instituto Brasileiro do Café (IBC) e do Banco de Crédito da Borracha (BCA), que hoje é o Banco da Amazônia. 

É preciso começar, com urgência, uma campanha O AÇAÍ É NOSSO!





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INTEGRAÇÃO SOLIDÁRIA DA AMAZÔNIA MARAJOARA

Feliz coincidência fará com que, neste ano, a Conferência da ONU Rio+20 aconteça no transcurso dos 100 anos da crise econômica da borracha da Amazônia. Oportunidade para balanço sobre o extrativismo dos recursos naturais nas regiões amazônicas: dos seringais aos açaizas, o Pará conta uma história de esperanças e fracassos do desenvolvimento justo e sustentável.

No momento, a espécie nativa Euterpe oleraceae Mart. (produtora do açaí) emerge na pauta comercial depois séculos de consumo quase exclusivo das populações tradicionais. A que se deve o "boom" do mercado do açaí? À pesquisa científica sobre as propriedades naturais do fruto desta palmeira de dispersão espontânea e enorme concentração nas várzeas do estuário. O que faz do Estado do Pará o maior produtor mundial deste recurso vegetal.


Mas, junto com a euforia vem a concorrência comercial e o perigo da exploração sem freios da natureza e mão-de-obra. Surto do mal de Chagas revelou que o desequilíbrio ecológico em áreas extensas de açaizais das Ilhas, com extração descontrolada de palmito principalmente, estaria aumentando a populações de vetores ("barbeiros") do Trypanosoma cruzi e as más condições sanitárias de preparo do 'vinho" e seu largo consumo pelas classes de baixa renda ameaçava transformar o açaí em vilão da saúde pública no Pará. O mesmo fator econômico também foi acusado da elevação de casos de malária entre a população rural do Marajó e o aumento da demanda fez subir o preço do produto afetando milhares de famílias pobres das cidades da região, inclusive Belém e Macapá; tendo no açaí um dos principais componentes de alimentação diária. Claro que o fenômeno tem repercussão sistêmica no corpo da sociedade regional e requer atenção política nacional.

Neste panorama contraditório o caso da ilha do Marajó se destaca. Célebre pelo esplendor da Cultura Marajoara na antiguidade pré-colombiana e pela pobreza na idade contemporânea, a região insular do Marajó deposita no turismo e no mercado nacional e internacional do açaí, principalmente, suas maiores esperanças.

Todavia, o secular abandono da região estuarina da maior bacia fluvial da Terra pelos poderes públicos e o declínio da pecuária extensiva, insegurança, isolamento, falta de energia firme e de transportes e comunicação, colocam o Marajó em condição de ultraperiferia de um estado complexo e estratégico, como é o caso do Pará. Ele mesmo decaído de uma situação geográfica privilegiada em relação aos maiores mercados da América do Norte e Europa, entre fins do século XIX e começos do século XX; para experimentar recentemente um novo ciclo de desenvolvimento para o qual a população local não foi preparada, passando os grandes projetos desde os anos 70 configurar para os paraenses em geral uma "recolonização". Basta consultar as conclusões da SBPC sobre a Amazônia para compreender do que se está tentando dizer nesta postagem do blogue da APF.

A comunidade marajoara, com a redemocratização do País depois de esperar em vão pela concretização de dispositivo específico da Constitituição estadual sobre a proteção ambiental, desenvolvimento econômico e inclusão social das populaçõe ribeirinhas (parágrafo 2º, VI, art. 13); começa timidamente a reagir com a extensão do campus da Universidade Federal do Pará (UFPA) através dos núcleos universitários de Breves e Soure donde dez encontros em defesa do território e da gente marajoaras se realizam entre 1985 e 1995, culminando com a edição da Carta do Marajó-Açu, assinada em Ponta de Pedras, em 30/04/1995. 

Desde então, o que de tempos em tempos eram gestos e gritos dispersos em nome oras de um segmento em particular ou de um munícípio competindo com os mais; começou a esboçar por parte da sociedade civil tendência à integração de todos municípios, já enunciada pela iniciativa de prefeitos com a criação da "Associação de Municípios da Ilha do Marajó" (AVIM) e acentuada com a fundação da "Associação dos Municípios do Arquipélago do Marajó" (AMAM) (23/03/1995).


Em 1999, a Diocese de Ponta de Pedras e Prelazia do Marajó emitem documento eclesial denunciando as condições de indigência da maioria do povo das ilhas. Apesar disto, a resposta ansiosamente aguardada não se fez notar pela população. Em 2003 na reunião preparatória à primeira Conferência Nacional de Meio Ambiente, a sociedade civil representada na cidade de Muaná pede que Marajó passe a ser reconhecido internacionalmente como reserva da biosfera, no programa "O Homem e a Biosfera - MaB/UNESCO". Com grande relutância o Governo estadual anota o pedido e somente com sinais da própria UNESCO, através de publicação do MaB, de interesse sobre assunto, notadamente a conservação de manguezais; a partir do lançamento do "Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó" (PLANO MARAJO), em 2007, e do programa Território da Cidadania Marajó, em 2008, começa de fato procedimentos para formalizar a candidatura.

O chamado "Grupo em Defesa do Marajó" (GDM) que havia coordenado a elaboração e divulgação da Carta do Marajó-Açu apoiou explicitamente o documento eclesial católico de 1999 contra o ínfimo IDH da população marajoara. Com base no mesmo documento, em 2006, os bispos do Marajó são recebidos pela Presidência da República e a Casa Civil fica encarregada de constituir e coordenar o Grupo Executivo Interministerial (GEI-Marajó) para acompanhar ações de governo (federal, estadual e municipal) de emergência para combate à malária, regularização fundiária e elaborar em participação com a socieade civil local um plano de desenvolvimento.


Nunca dantes na história destas ilhas se havia chegado a algo semelhante ao PLANO MARAJÓ, com seu desdobramento no programa Territórios da Cidadania - Marajó e o inovador e premiado projeto NOSSA VÁRZEA - Sustentabilidade e Cidadania na Amazônia Brasileira.


Todavia, todo este encaminhamento de 23 anos que vai do dispositivo para criação da Área de Proteção Ambiental do Arquipélago do Marajó, em 1989 até o dia de hoje; expõe as contradições do processo de integração territorial e desenvolvimento regional com exclusão das comunidades tradicionais ribeirinhas. Os povos das águas ainda são os grandes desconhecidos nesta história toda. E quanto o voraz mercado global espicha os olhos cheios de cobiça sobre os açaizais nativos do estuário amazônico, esta gente se levanta cheio de medo de que a história da borracha venha a se repetir outra vez aqui.


  
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Espécie monocotiledônea nativa da várzea da região amazônica, especificamente dos seguintes países: Venezuela, Colômbia, Equador, Guianas, e Brasil (estados do Amazonas, Amapá, Pará, Maranhão, Rondônia, Acre e Tocantins ), assim como em Trinidad e Tobago e nas bacías do Pacífico na Colômbia e no Equador.[5] A Festa da Juçara do Maranhão refere-se ao açaí.[6]
O açaí é um alimento muito importante na dieta dos nortistas do Brasil,[5] onde seu consumo remonta aos tempos pré-colombianos. Hoje em dia, é cultivado não só na Região Amazônica, mas em diversos outros estados brasileiros, sendo introduzido no resto do mercado nacional durante os anos oitenta e noventa.[7] No Brasil, o estado do Pará é o maior produtor mundial da fruta, sendo responsável por mais de 85% da produção mundial. O açaí considerado, por muitos, uma iguaria exótica, sendo apreciada em várias regiões do Brasil e do mundo.
O açaizeiro é semelhante à palmeira-juçara (Euterpe edulis Mart.) da Mata Atlântica, diferenciando-se porque cada planta de juçara tem somente um caule mas os açaís crescem em touceiras de 4 a 8 estipes[8] (troncos de palmeira) cada um de 12 m de altura e 14 cm de diâmetro ponto-médio[9] e podendo chegar até uns 20 metros.[5]

Usos

O açaí é muito consumido como suco ou pirão e cujo gomo terminal constitui o palmito. Assim, pode ser consumido na forma de bebidas funcionais, doces, geleias e sorvetes. O fruto é colhido por trabalhadores que sobem nas palmeiras com auxílio de um trançado de folhas amarrado aos pés - a peconha.
Para ser consumido, o açaí deve ser primeiramente despolpado em máquina própria ou amassado manualmente (depois de ficar de molho na água), para que a polpa se solte, e misturada com água, se transforme em um suco grosso também conhecido como vinho do açaí.
Na Amazônia, o açaí é consumido tradicionalmente junto com farinha de mandioca ou tapioca geralmente gelado.[10] Há quem prefira fazer um pirão com farinha e comer junto com peixe assado ou camarão, ou mesmo os que preferem o suco com açúcar.
Além do uso de seus frutos como alimento ou bebida, o açaizeiro tem outros usos comerciais. As folhas podem ser feitas em chapéus, esteiras, cestos, vassouras de palha e telhado para casas, e madeira do tronco, resistentes a pragas, para construção civil.[11] Os troncos da árvore podem ser processados para produzir minerais.[12] O palmito é amplamente explorado como uma iguaria.[13]

As sementes limpas são muito utilizadas para o artesanato.[14]
Nas demais regiões do Brasil, o açaí é preparado da polpa congelada batida com xarope de guaraná, gerando uma pasta parecida com um sorvete, ocasionalmente adicionando frutas e cereais. Conhecido como açaí na tigela, é um alimento muito apreciado por frequentadores de academias e desportistas, já que as propriedades estimulantes presentes no fruto, são semelhantes às encontradas no café ou em bebidas energéticas. O açaí também ajuda na eliminação de resíduos do corpo, garantindo saúde para seus consumidores. [15] [16]

Importância comercial

O açaí é de grande importância para a sua região de cultivo em virtude de sua utilização constante por grande parte da população, principalmente os ribeirinhos. Nas condições atuais de produção e comercialização, a obtenção de dados exatos é quase impossível, devido à falta de controle nas vendas, bem como à inexistência de uma produção racionalizada, uma vez que a matéria-prima consumida se apoia pura e simplesmente no extrativismo e comercialização direta. No Pará, principal produtor, o consumo de açaí, em litros, chega a ser o dobro do consumo de leite.

Neste sentido, constitui-se num item de alimentação fundamental para muitas pessoas. Entretanto, a exportação em larga escala tem acarretado uma diminuição significativa na qualidade do suco consumido pela população de baixa renda que para consumir o fruto com uma qualidade razoável necessita pagar mais caro. O que torna-se inviável do ponto de vista da renda financeira que possuem. Consumindo um suco fino que as pessoas denominam de chula.

A mistura com água e outros ingredientes, promovida fora da Região Norte do Brasil,reduzindo a participação efetiva de açaí na mistura, é devido ao alto custo que seria exportar açaí do Norte, sobretudo do Pará, para outras regiões do país. Para se tornar econômicamente viável, comerciantes passaram a misturar o açaí original, adquirido a alto custo, com outros elementos de menor valor econômico, viabilizando a venda. O detalhe é que isso gerou uma distorção na concepção de consumo da fruta: muitos brasileiros não sabem que o fruto é nativo do Norte ou que é consumido puro. Na Região Norte, tanto humildes ribeirinhos (moradores tradicionais das margens dos rios) como as classes econômicamente mais favorecidas dos grandes centros urbanos consomem açaí sem os artifícios comumente empregados em outras regiões do país, considerando o açaí de duas classes: o açaí integral, sem tais artifícios, e o açaí misturado, que é aquele no qual se acrescenta água para dar mais volume e muitas das vezes até amido com intuito de obter mais consistência, comercializado com frequência em todo o país.

Informação Nutricional

Açaí Puro
(valor nutritivo por 100g)[17][18]
água: 48,0g
resíduos totais: 1,58 g
fibras: 16,9 g
lípidos: 17 g
glícidos: 1,5 g
potássio: 932 mg
magnésio: 174 mg
fósforo: 124 mg
cálcio: 286 mg
sódio: 56,4 mg
zinco: 7 µg
ferro: 1,5 µg
cobre: 1,7 µg
vitamina C: 0,01 mg
vitamina B1: 11,8 µg
vitamina B2: 0,32 µg
vitamina B3: 1738 µg
vitamina B5: 1389 µg
vitamina B6: 257 µg
vitamina B9: 0 µg
vitamina B12: 0 µg
vitamina A: 146 UI
retinol: 0 µg
vitamina E: 2,07 µg
Apesar do alto teor de gordura do açaí, trata-se em grande parte de gorduras monoinsaturadas (60%) e poliinsaturadas (13%),[17] também presentes no abacate. Estas gorduras são benéficas e auxiliam na redução do colesterol ruim (LDL, melhoram o HDL, contribuindo na prevenção de doenças cardiovasculares como o infarto do coração e previnem, até mesmo obesidade, problemas de memória e fraqueza física. A antocianina, pigmento que tinge os dentes com a cor arroxeada, possui grande capacidade de combate aos radicais livres, moléculas que destroem as células sadias do nosso corpo.[19]



Ceará fatura alto com exportação do açaí paraense

Apesar do potencial, o Pará não consegue se projetar como grande fornecedor de açaí no mercado

Que o nosso açaí já conquistou o Brasil e agora está conquistando o mundo, para deleite de consumidores em alguns dos mais exigentes mercados do planeta, todos os paraenses (ou quase) já sabem. O que poucos sabem, por aqui, é que o Pará, também neste caso – como em tantos outros –, não está conseguindo se projetar como grande fornecedor no mercado internacional.

O Estado do Ceará, que não tem plantada uma única palmeira da espécie – a não ser, talvez, como peça ornamental de algum jardim doméstico –, já é hoje o maior exportador brasileiro de suco de açaí para o exterior. A polpa congelada vai para uma indústria cearense, em tambores e embalagens plásticas de 25 kg. Lá o produto é processado industrialmente, adicionado a outros sabores, acondicionado em embalagem própria e a seguir embarcado para importadores dos Estados Unidos,

da União Europeia e do Oriente Médio.

A informação é da presidente do Sindicato das Indústrias de Frutas e Derivados do Estado do Pará (Sindfrutas), Solange Mota. De acordo com a dirigente sindical, a indústria “Dafruta” é hoje a principal cliente dos produtores paraenses de açaí em polpa. E esse é um negócio que só tende mesmo a crescer, já que a indústria cearense compõe hoje, depois de sua fusão com uma antiga concorrente, a maior empresa do setor no mercado brasileiro.

O que aconteceu foi que a Maguary, antiga líder de mercado de sucos concentrados, juntou-se com a Dafruta, que era a vice-líder. Dessa união resultou a EBBA, Empresa Brasileira de Bebidas e Alimentos S/A, uma empresa que já nasceu com o maior mix de sabores de sucos concentrados do mercado brasileiro. Unificadas, elas decidiram ampliar os investimentos no mercado e no desenvolvimento de novos produtos.

Nesse novo cenário, o açaí tem uma posição de destaque. Ele está presente no portfólio da EBBA/Dafruta compondo a embalagem Premium de um litro que a empresa exposta em dez diferentes sabores. Sete deles são puros: manga, goiaba, laranja, caju, pêssego, uva e maracujá. Os outros três misturam diferentes sabores, sendo um de laranja com acerola, o outro de caju com laranja e, por fim, o açaí com guaraná e banana – algo que, para o paladar bem paraense, deve soar como uma espécie de heresia.

Apesar de ter a sua produção direcionada em boa parte para o mercado cearense, o açaí continua sendo, mesmo assim, o carro-chefe da fruticultura em suas operações com o mercado internacional, respondendo por mais de 90% do volume exportado, segundo dados de 2009. No ano passado, segundo o Sindfrutas, as exportações do Pará em polpas de frutas somaram US$ 27,9 milhões, para um volume comercializado de 11,3 mil toneladas. O Estado fechou o ano em terceiro lugar. Em segundo, com US$ 28,1 milhões, ficou Sergipe e, em primeiro, com avassaladora superioridade, o Estado de São Paulo, com US$ 1,7 bilhão.

Fruticultura local se mantém incipiente

O Estado do Pará, de acordo com Solange Mota, tem uma extraordinária potencialidade para o desenvolvimento da fruticultura, mas essa atividade se mantém incipiente e continua sobrevivendo às duras penas por uma série de fatores. A pequena representatividade do sindicato dá bem uma ideia da fragilidade do setor. Embora respondam por mais de 70% de toda a produção, apenas 15 empresas estão hoje associadas à entidade.

De acordo com Solange Mota, a produção comercial do açaí no ano passado alcançou a casa de 709.159 toneladas. Os principais municípios produtores são Igarapé-Miri, Cametá, Abaetetuba e Ponta de Pedras. De abacaxi o Pará produziu 240.693 toneladas, destacando-se como principais áreas de produção Floresta do Araguaia (maior produtor nacional), Salvaterra, Santo Antônio do Tauá, Castanhal e Concórdia do Pará. A seguir, com volumes comercialmente pouco expressivos, vieram cupuaçu (41.247 toneladas), maracujá (26.313) e acerola (3.908). O muruci e o taperebá, cada um com cerca de 120 toneladas, a goiaba (restrita a Dom Eliseu) e o bacuri, com volume ainda muito pequeno, compõem a cesta de principais produtos da fruticultura paraense.

No caso específico do açaí, a dirigente sindical destacou que mais de 90% de toda a produção paraense tem origem nos açaizais nativos, típicos das várzeas e especialmente abundantes nas nossas ilhas. Só recentemente começou a ser produzido no Pará o açaí de terra firme colhido em áreas de plantio nos municípios de Santa Isabel do Pará, Tomé-Açu e Santo Antônio do Tauá. O açaí plantado começa a frutificar com três anos e entra em produção plena aos sete anos.

ALTERNATIVA

É com base nessa experiência, aliás, segundo ela, que o Sindfrutas vem se empenhando, com apoio da Embrapa e das Federações das Indústrias e da Agricultura, em obter mudanças na legislação para permitir o desenvolvimento da fruticultura nos projetos de reflorestamento para recuperação de áreas degradadas. Além do açaí, seriam utilizadas também outras espécies com grande aceitação no mercado, como a acerola e o cupuaçu.

Solange Mota observou que a produção de açaí é pequena no primeiro semestre (cerca de 20%), que coincide com o período chuvoso na região, e cresce bastante no nos meses finais do ano, quando são colhidos 80% ou até mais de todo o volume produzido. Se a oferta abundante faz os preços caírem durante o verão, a entressafra que acontece no inverno traz como resultado a escassez e, com ela, a disparada dos preços, para desgosto dos consumidores.

A Embrapa, que vem colaborando com o sindicato e com os produtores de açaí, realizando estudos para orientar o plantio em terra firme, sem perdas de qualidade ou de produtividade, deverá contribuir para o que se espera venha a ser o fim dessas oscilações. A expectativa, segundo Solange Mota, é que venha a se estabelecer no futuro uma situação de equilíbrio entre a oferta e a demanda. “Com isso podemos esperar a estabilidade dos preços, o que será muito bom tanto para a indústria quanto para os consumidores”, acrescentou.

Poder público não incentiva fruticultor no Estado

A falta de políticas públicas direcionadas para o setor, dificuldades de crédito e logística precária, quando não inexistente, compõem alguns dos gargalos que inibem o pleno desenvolvimento da fruticultura no Pará, apesar das extraordinárias potencialidades que o Estado oferece. “Infelizmente, o fruticultor não tem no Pará nenhum tipo de incentivo ou atenção do poder público”, afirma a dirigente sindical.

Ela lembra que, ao contrário do que acontece com os demais produtos agrícolas, a maior parte dos frutos precisa ser processada, embalada e congelada, o que eleva substancialmente os custos financeiros de sua comercialização. Para cobrir esses custos, as indústrias instaladas das demais regiões brasileiras dispõem de duas linhas de financiamento, a Linha Especial de Crédito (LEC) e o Empréstimo do Governo Federal (EGF), ambas operadas inclusive pela rede bancária privada.

Criadas em 2004 – há seis anos, portanto –, essas linhas praticam os menores juros do mercado nacional, ficando abaixo inclusive das taxas do FNO, e oferecem seis meses de carência. No Pará, as indústrias do setor já tentaram, em vão, obter o mesmo tratamento, através de gestões junto a instituições oficiais, como o Banco do Brasil e o Banco da Amazônia.

Ao contrário dos seus concorrentes de outras regiões, a indústria paraense é obrigada a bancar com recursos próprios o pagamento de fornecedores e os custos em todas as etapas do processo industrial, para depois vender o produto geralmente a prazo, quase sempre com um mínimo de trinta dias para recebimento. “Nós enfrentamos uma disparidade brutal de condições em termos de competitividade”, dispara a presidente do Sindfrutas.

Ela aponta ainda, como fatores adversos, as terríveis dificuldades para o escoamento da safra na época das chuvas, as invasões de propriedades, a insegurança jurídica, o ambientalmente institucionalmente hostil ao empreendedorismo no Pará, as deficiências de capacitação da mão de obra envolvida no setor e a baixa capacidade de investimentos em inovações tecnológicas pela cadeia produtiva da fruticultura, em seus diversos segmentos. (Diário do Pará)

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