DIA DO MARAJÓ: UM CONVITE À INTELIGÊNCIA AMAZÔNIDA





sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


Dia do Marajó debate plantio de arroz em larga escala

O Intituto Peabiru tem a satisfação em Convidá- lo (la), para o Dia do Marajó deste mês, com o tema:
De Roraima ao Marajó: a cultura do arroz em larga escala e as populações tradicionais.

Este Dia do Marajó tratará dos plantios de arroz em larga escala no município de Cachoeira do Arari e seus possíveis impactos ambientais e sociais naquela região do Marajó.
Data: 28 de Fevereiro de 2012, às 18:30h, no SESC Boulevard. Entrada franca.

 DIVULGAÇÃO
Academia do Peixe Frito
Grupo em Defesa do Marajó (GDM)

 CONTRA FORÇA HÁ RESISTÊNCIA

A gente sabe que é ingenuidade da nossa parte esperar que, de fato, os arrozeiros de Roraima liderados pelo Deputado Federal Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR) tenham vindo ao Marajó pensando em se emendar e praticar o bem a favor do povo marajoara necessitado de empregos e renda decentes.

A gente sabe, pelos jornais, do rastro de problemas da mecanização de plantio de arroz de larga escala desde o Rio Grande do Sul, no extremo sul, até Roraima, no extremo norte.

Mesmo assim, a gente gostaria de dar crédito de confiança a essa gente cabeça dura e arrogante com dificuldade de entender os outros. No Marajó, santo desconfia de esmola grande... Queira Deus com rogos do Glorioso São Sebastião que aqueles que convidaram ou aceitaram sem cuidados preventivos os arrozeiros de Roraima não se arrependam mais tarde depois que Inez esteja morta e nosso sofrido Marajó ter que arcar com mais uma...

Quem não é destas paragens marginalizadas entre chuvas e esquecimento, talvez não saiba que, de forma nenhuma a produção de arroz é novidade em Marajó. 

Temos até arroz selvagem na região de campos naturais, que é o chamado "arroz de marreca"... De Ponta de Pedras já sairam muitas canoas de arroz de sequeiro em casca produzido na colônia de Mangabeira em agricultura familiar para beneficiamento em usina em Belém: ao tempo do prefeito Fango Fontes (avô do atual reitor Edson Ary Fontes do IFPA) havia beneficiamento local na "usina de luz" da cidade movida a vapor com queima de lenha extraída da mata pública que existiu no município e hoje é baixada de palafitas. Ou seja, a usina local usava biomassa que hoje até poderia aproveitar a palha do arroz para gerar eletricidade, caso não tivesse sido abandonada para consumo de petróleo exclusivmente para iluminação. Breves produziu arroz de várzea...

Portanto, não venham nos dizer que geração de emprego e renda local pelo cultivo de arroz é uma grande novidade no Marajó. A novidade é a mecanização com plantio comercial de larga escala... E aí é que a porca torce o rabo! Pois a larga experiência mostra que o controle de pragas pedirá em breve agrotóxicos que hão de contaminar as águas superficiais e o lençol freáticos e a produtividade comercial e industrial exigida reclama fertilizantes artificais, que roubarão oportunidade de ostentar propaganda de produto "verde". Então, adeus paraíso ecológico e ecoturismo que a gente sonhava!!!...

Por que tonta afobação neste caso movido a máquinas poderosas se o PLANO MARAJÓ se arrasta a trote de búfalo? Cadê o parecer dos universitários? Cadê o EIA/RIMA da coisa? Começou mal o grupo do Deputado Quartiero aparecendo na foto de costume como reis dos atropeladores do desenvolvimento sustentável por via dos fatos consumados... É isto cheira a problema e confusão como a fama de Roraima...

Tomara, meu Deus tomara, com as benções do Glorioso São Sebastião os arrozais dos campos de Cachoeira terminem sendo um "case" de sucesso fazendo o bem tanto a gregos quanto aos troianos.  

FAZENDO A COISA CERTA:
TRANSVERSALIDADE DA INTELIGÊNCIA PARA O "PLANO MARAJÓ" NA PERSPECTIVA DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL SUSTENTÁVEL DA AMAZÔNIA E CARIBE.

Nenhum homem é uma ilha... Tampouco a chamada "ilha" do Marajó que, de fato, é a região Amazônia Marajoara fazendo parte da área cultural das Guianas a par do Amapá e Baixo-Amazonas. Para que se não nos acusem de "encrenqueiros" radicais, digamos logo que os arrozeiros de Roraima ainda poderão ser bem-vindos ao Marajó se eles e seus aliados fizerem a coisa certa... Começa, todavia, que um termo de ajuste com o governo do Pará faria bem a todas as partes.

Principalmente para que o linhão de energia elétrica do PLANO MARAJÓ - responsabilidade da estatal ELETRONORTE em parceria com a privatizada Rede-CELPA - cumpram imediatamente seu compromisso assumido de levar conexão elétrica para Cachoeira do Arari (ou Salvaterra) a fim da empresa arrozeira instalar a sua usina de beneficiamento de arroz no Marajó e não em Icoaraci onde instalou devido a pressa com o Deputado Quartiero começou sua aventura marajoara.

Um termo de ajuste desta natureza deveria ter visão de conjunto e não apenas "quebrar galho" pontualmente... Chamando a Rede-CELPA a cumprir seu compromisso com o PLANO MARAJÓ, por consequencia outros produtos que estão esperando pela boa vontade da concessionária teriam ajuda que está faltando, como o queijo por exemplo, Então, dum ácido limão galego a gente faria uma limonada: outros segmentos socioambientais começariam a ter vantagem com a presença dos arrozeiros migrantes de Roraima. Depois toda a cadeia produtiva do arroz marajoara se tornaria viável.

Resolvida a questão ambiental quase 100%, conviria convidar a EMBRAPA e o SENAR a entrarem na roda a fim de estudar a equação do ARROZ ORGÂNICO como mais valia dos campos do Marajó casando agricultura familiar e empresa-âncora (no caso o grupo Quartiero + fazendas de arrendamento do projeto) para distribuição da produção e venda através da rede de supermercados credenciadas pelo programa Brasil sem Miséria, fazendo jus ao selo oficial da agricultura familiar.

Assim, fazendas com terras improdutivas poderiam aderir ao projeto ARROZ ORGÂNICO nos termos acima sugeridos; arrendando parcialmente terreno com aval de fundo público específico já com vistas à futura reserva da biosfera Marajó-Amazônia chancelada pela UNESCO. Além do arroz, a piscicultura notadamente de tamuatá deveria ser incluída sob parceria da FAO, criação de aves (patos principalmente), carne "verde" de búfalo, fazendas de jacaré, etc. Permitica captura sob manejo de muçuã, pirararucu, marreca para uso exclusivo e controlado em turismo com base em comunidade tradicional integrada a fazendas tradicionais e arqueologia marajoara (leia-se Museu do Marajó).

Feita a lição de casa, esta Amazônia Marajoara -- nacionalmente reconhecida e amparada -- estaria pronta como plataforma produtiva integrada anexa à ZPE Macapá-Santana visando, pelo menos, o mercado das Guianas (Guiana francesa, Suriname, Guiana e Venezuela) e Caribe. Falando disto, pensamos da "carne verde" e do queijo de búfala em primeiro lugar, mas também do açaí e do pescado... Utilizando a ponte do Oiapoque além de outros meios de transporte.

Mas, então, isto é utopia? É sim, muito utópico no sentido que não existe ainda... porém pode existir se houver vontade política e boa vontade de todas as partes envolvidadas. A realidade está na cara e dispensa comentários.... vejam a seguir, como exemplo a ser adaptado às condições da região, como o SENAR e a empresa Perdigão contemplaram a produção de leite no Rio Grande do Sul. Vale para o leite como para qualquer outro produto em parceria empresa-comunidade-extensão rural. Marajó não valerá uma missa? Tal qual Paris...

Senar-RS firma parceria com Perdigão para garantir qualidade do leite

Programa de treinamento pretende repassar conhecimento técnico e aprimorar a profissionalização dos produtores de leite

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, Senar-RS, firma, nesta sexta-feira (05/09), às 17 horas, parceria com a empresa Perdigão para a realização de Programa de Formação Profissional de Fornecedores de Leite. O termo de cooperação será assinado na Casa da Perdigão (quadra 26), no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio.

O programa a ser desenvolvido pelo Senar-RS é composto de treinamentos voltados à profissionalização e capacitação de produtores parceiros, transferindo conhecimentos técnicos que, incorporados ao sistema produtivo, agregam valor ao produto final e, conseqüentemente, aumentam a competitividade. Serão beneficiados 21 municípios gaúchos. O público-alvo são os fornecedores de leite da Perdigão, que participam do programa de fidelização da empresa.

O principal objetivo deste programa é garantir a produção de leite com qualidade, de forma sustentável e competitiva. Para a Perdigão a capacitação de produtores é fundamental para o aperfeiçoamento da atividade leiteira. Dentro deste foco, a empresa buscou parceria com o Senar-RS, que é referência em aprendizado rural e informação para trabalhadores e produtores em geral.

Dividido em três módulos, sendo o primeiro “Encontro técnico para nivelamento de conceitos”, o programa alinhará as diretrizes estratégicas de cada parceiro, fazendo com que os participantes conheçam o sistema de trabalho do Senar-RS e da Perdigão. Nesta etapa, também serão nivelados os conceitos técnicos do plano de trabalho permitindo maior coesão e fundamentação para as ações.

Já o segundo módulo, “Treinamentos de Capacitação Técnica Para a Produção Leiteira”, transmitirá aos produtores conhecimentos técnicos necessários à área, como: nutrição do gado leiteiro, reprodução e melhoramento genético de bovinos e manejo de ordenha e qualidade do leite. Esses três pontos vão ao encontro da demanda feita pela Perdigão, que solicitou a abordagem de outros temas como: contagem bacteriana, células somáticas, incremento na porcentagem de gorduras e proteínas.

O terceiro módulo, “Reunião Técnica para Avaliações de Resultados”, consistirá na apresentação e avaliação dos resultados observados ao longo de todo o desenvolvimento dos trabalhos. Para se inscrever no programa é preciso ter, no mínimo 16 anos, e ser alfabetizado.

Expointer - O Sistema Farsul (Farsul, Senar-RS e Casa Rural) estará promovendo uma série de atividades, nesta sexta-feira, 5/9, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio:
9 horas – Reunião de coordenadores do Programa Alfa
Local: Auditório do Senar-RS
14 horas – Inauguração Oficial da Expointer 2008
17 horas - Senar-RS e a empresa alimentícia Perdigão assinam termo de cooperação para a realização de programa de formação profissional voltado a produtores rurais que desenvolvem a atividade leiteira.
Local: Casa da Perdigão (quadra 26)
20 horas – Entrega de Prêmios Farsul - Banrisul
Local: Auditório da Farsul

Mais informações: Assessoria de Comunicação do SENAR-RS – (51) 9914.9221
    Assessoria de Comunicação da FARSUL – (51) 9987.3818


DALCIDIO JURANDIR: UMA CRITICA ABERTA ÀS UNIVERSIDADES

Nós somos gratos ao Instituto Peabiru com o Programa VIVA MARAJÓ, que vem preenchendo uma lacuna deixada pelo conjunto de estabelecimentos superiores de educação e pesquisa com atuação em Marajó, no que concerne ao debate das questões mais importantes da atualidade para as populações dos 16 municípios da mesorregião. Oxalá que, de modo formal, a UFPA, UEPA, UFRA,  IFPA, Museu Goeldi e EMBRAPA venham se somar ao VIVA MARAJÓ levando a extensão as populações locais de maneira efetiva, inclusive com os modernos recursos eletrônicos hoje disponíveis. Vejam o que o grande escritor marajoara declarou sobre o assunto, em seu tempo:

"A responsabilidade que têm os professores do Pará, sobretudo os universitários, eu considero como dramática. Já imaginou um professor dando aula na Faculdade de Filosofia sobre Platão ou os Pré-Socráticos, quando essa mesma Faculdade se encontra cercada de milhares de pessoas que não sabem nem ao menos as primeiras letras; isso faz lembrar as Universidades Medievais. Mas naquela época tinha explicação.
(...) Aproveito a sua pergunta para observar que a nossa Universidade devia ser uma Universidade especificamente amazônica. Ela não deveria produzir diplomados que exibissem os títulos como simples prendas. A Universidade devia produzir, aqui, geógrafos, etnógrafos e economistas, seguindo a tradição dos sábios que estiveram na Amazônia.
Sabemos grande coisa da Amazônia pela obra dos estrangeiros. Estes tinham a cultura que adquiriram nas suas Universidades, para poder observar a Amazônia não apenas do ponto de vista científico, mas com o ponto de vista de sua sensibilidade. Tenho medo de que a Universidade faça pequenos monstros livrescos e não homens da Amazônia, equipados para interpretar a gente e a terra".

(Dalcídio Jurandir, Entrevista concedida a Agildo Monteiro, para um jornal do Pará, não identificado e sem data. In: Nunes, B., Pereira, R. e Pereira, S. R. (Orgs.), Dalcídio Jurandir. Romancista da Amazônia. Belém: SECULT, 2006, p. 159).

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