POVO LIBERTO, GOVERNO ABERTO


Brasília, Distrito Federal - Palácio do Planalto


 
O jurista Raymundo Faoro, um dos ideólogos do Partido dos Trabalhadores (PT), em sua obra clássica "Os Donos do Poder" ensina como o regime de capitanias hereditárias e o patrimonialismo do reino de Portugal moldaram a elite e o estado brasileiro.  Portugal e as colônias ultramarinas com as suas misérias e grandezas eram uma enorme fazenda de propriedade pessoal d'El-Rei por vontade de Deus Nosso Senhor. O vasto, desconhecido e "vazio" Brasil era apenas um imenso canavial de engenho de açúcar movido a braço escravo. Com cinco séculos de patrimonialismo colonial não se concertam sem abolição da escravatura, proclamação da República e estado de direito democrático. Este último - upa neguinho!... - está começando a andar, mais ou menos com a Constituição de 1946, derrubada a muque no golpe militar de 1964... Quanta luta, sangue, suor e lágrimas para retomar a marcha com a Cosntituição- Cidadã de 1988!

Dez anos de Lulá lá, mais nove meses de governo da primeira mulher na Presidência da República Federativa do Brasil - tempo de uma gestação completa - o decreto de 15 de setembro último, firmado pela Presidenta Dilma Rousseff dá sinal de que, vamos chegando de fato aos finalmente da governança democrática na era das comunicações eletrônicas, da urna digital e da famigerada WikiLeaks, terror de segredos de estado e fórmulas secretas. O avesso da teoria do milagre: primeiro criou-se a micro eletrônica e, por conseguinte, fez-se a luz!

Uma longa história colonial a cabo de lutas sangrentas entre antigos impérios, donde o pequeno reino lusitano se engrandeceu sobre mares achados e por achar em meio a uma competição mortal pelo controle das riquezas das Índias. Do ventre deste ensaio geral para a globalização, nasceu a teoria do segredo donde o descobrimento do Brasil foi cerdado de mil e um cuidados, segundo Jaime Cortesão, por exemplo. Precisou que afinal um operário nordestino chegasse ao Palácio do Planalto para deixar as entranhas do poder vir à luz. E, mais, a eleição de uma mulher forjada na luta contra a ditadura, uma combatente estigmatizada pela tortura e a violência de homens de viver sem razão; para o parto duma nova governança a galope sobre o cavalo selado do micro computador. Invenção bisonha de fundo de garagem por alguns garotos que amavam os Beatles e os Rollings Stones.

Quando esta onda impetuosa, como um tsunami leva de enxurrada velhas construções; chega aos cafundós onde Judas perdeu as botas; a gente começa entender o desespero de ratos que abandonam suas tocas e o irado desconforto de gatos gordos obrigados a se arranjar sozinhos ou raposas felpudas a falar para as paredes sobre o moralismo arcaico dos tempos de Catão num império servido de multidões de servos e povos subjugados. Então, alguma coisa acontece na América Latina se não for já a terceira onda da revolução industrial batendo às portas do terceiro mundo.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Dsn/Dsn13117.htm



Presidência da República
Casa CivilSubchefia para Assuntos Jurídicos
DECRETO DE 15 DE SETEMBRO DE 2011

Institui o Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto e dá outras providências.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,
DECRETA:
Art. 1o  Fica instituído o Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto destinado a promover ações e medidas que visem ao incremento da transparência e do acesso à informação pública, à melhoria na prestação de serviços públicos e ao fortalecimento da integridade pública, que serão pautadas, entre outras, pelas seguintes diretrizes:
I - aumento da disponibilidade de informações acerca de atividades governamentais, incluindo dados sobre gastos e desempenho das ações e programas;
II - fomento à participação social nos processos decisórios;
III - estímulo ao uso de novas tecnologias na gestão e prestação de serviços públicos, que devem fomentar a inovação, fortalecer a governança pública e aumentar a transparência e a participação social; e
IV - incremento dos processos de transparência e de acesso a informações públicas, e da utilização de tecnologias que apoiem esses processos.
Art. 2o  O Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto contemplará iniciativas, ações, projetos, programas e políticas públicas voltados para:
I - o aumento da transparência;
II - o aprimoramento da governança pública;
III - o acesso às informações públicas;
IV - a prevenção e o combate à corrupção;
V - a melhoria da prestação de serviços públicos e da eficiência administrativa; e
VI - o fortalecimento da integridade pública.
Parágrafo único.  O Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto deverá contemplar, prioritariamente, a inserção de iniciativas, ações, projetos, programas e políticas públicas inovadoras.
Art. 3o  Fica instituído o Comitê Interministerial Governo Aberto - CIGA com a finalidade de:
I - orientar a elaboração, a implementação, o monitoramento e a avaliação do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto;
II - propor ações prioritárias a serem implementadas no curto prazo no âmbito do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto;
III - promover a articulação intragovernamental necessária à execução das ações conjuntas, troca de experiências, transferência de tecnologia e capacitação no âmbito do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto; e
IV - identificar ações de pesquisa e desenvolvimento necessárias no âmbito do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto.
Art. 4o  Compete ao CIGA:
I - promover a difusão do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto junto à sociedade e a articulação intragovernamental para a sua implementação e execução;
II - identificar os meios necessários à elaboração, implementação e monitoramento do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto;
III - apreciar as propostas que lhe forem submetidas pelo Grupo Executivo a que se refere o art. 6o;
IV - avaliar os resultados e propor alterações ou revisões ao Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto; e
V - aprovar parâmetros, métodos e práticas para sua implementação, coordenação, execução e avaliação do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto, quando necessário.
Art. 5o  O CIGA será integrado pelos titulares dos seguintes órgãos:
I - Casa Civil da Presidência da República, que o coordenará;
II - Secretaria-Geral da Presidência da República;
III - Controladoria-Geral da União;
IV - Ministério da Justiça;
V - Ministério da Fazenda;
VI - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
VII - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação;
VIII - Ministério das Comunicações;
IX - Ministério das Relações Exteriores;
X - Ministério da Educação;
XI - Ministério da Saúde;
XII - Ministério do Esporte;
XIII - Ministério do Meio Ambiente;
XIV - Ministério da Integração Nacional;
XV - Ministério da Previdência Social;
XVI - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
XVII - Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; e
XVIII - Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
Parágrafo único.  Os membros do CIGA indicarão seus respectivos suplentes.
Art. 6o  Fica instituído, no âmbito do CIGA, Grupo Executivo que terá como objetivos:
I - elaborar a proposta do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto e submetê-la à apreciação do CIGA, no prazo e condições por este definidos;
II - planejar, executar e coordenar processos de consulta, voltados ao Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto;
III - coordenar a implementação e a execução do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto;
IV - definir procedimentos para realização de estudos e levantamento de dados e informações essenciais para a elaboração, implementação, coordenação e avaliação do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto;
V - monitorar e avaliar periodicamente a implementação do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto, sob a orientação do CIGA, e a ele reportar os resultados;
VI - coordenar a produção e a disseminação do material de divulgação sobre o Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto; e
VII - proceder às alterações no Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto ou à sua revisão, e zelar pela adoção dos parâmetros, métodos e práticas, em cumprimento ao disposto nos incisos IV e V docaput do art. 4o.
Art. 7o  O Grupo Executivo será integrado pelos Secretários-Executivos dos seguintes órgãos:
I - Controladoria-Geral da União, que o coordenará;
II - Casa Civil da Presidência da República;
III - Secretaria-Geral da Presidência da República;
IV - Ministério da Fazenda;
V - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; e
VI - Ministério das Relações Exteriores.
§ 1o  Cada membro do Grupo Executivo indicará até três suplentes, observadas as respectivas áreas de interesse no âmbito do Plano, cujas atribuições deverão manter conformidade com os objetivos deste Decreto.
§ 2o  O Grupo Executivo convidará para participar de suas reuniões representantes dos demais órgãos integrantes do CIGA sempre que necessário para a discussão de políticas, programas, projetos ou matérias relacionados com suas respectivas competências institucionais.
§ 3o  Poderão ser constituídos, no âmbito do Grupo Executivo, grupos de trabalho temáticos destinados ao estudo e à construção de propostas sobre temas específicos abrangidos por este Decreto.
Art. 8o  A estratégia de elaboração do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto deverá prever a realização de consultas para manifestação de movimentos sociais, instituições científicas e demais entidades e agentes interessados.
Art. 9o  O CIGA e o Grupo Executivo poderão convidar para participar dos seus trabalhos representantes de órgãos e entidades, públicas ou privadas, além de especialistas, peritos e outros profissionais, cujos conhecimentos, habilidades ou competências possam contribuir para o cumprimento dos seus objetivos.
Art. 10.  A participação nas instâncias colegiadas instituídas neste Decreto será considerada serviço público relevante, não remunerado.
Art. 11.  O apoio administrativo e os meios necessários à execução dos trabalhos do CIGA e do Grupo Executivo serão fornecidos pela Controladoria-Geral da União.
Art. 12.  As instituições da administração pública federal fornecerão informações necessárias à elaboração e implementação do Plano de Ação Nacional sobre Governo Aberto, quando solicitadas, de forma justificada, pelo Grupo Executivo.
Art. 13.  Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 15 de setembro de 2011; 190o da Independência e 123o da República.
DILMA ROUSSEFF
Jorge Hage Sobrinho
Este texto não substitui o publicado no DOU de 16.9.2011

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