Pra não dizer que eu não falei do índio sutil no plantio da primeira árvore do Ecomuseu dos Sapararé.




Imagem da placa comemorativa do Centenário de nascimento do escritor e casa remanescente do antigo chalé de infância do jovem Dalcídio Jurandir nascido em casa humilde no bairro do Campinho, vila de Ponta de Pedras (10/01/1909). A faixa se reporta ao "desejo romântico" do jovem de 22 anos de idade. Na verdade ele não pensava em morrer, mas já manifestava aonde gostaria de ser enterrado como uma semente da memória: Cachoeira, em frente ao Chalé... Quando ele de fato morreu (Rio de Janeiro, 16/06/1979), aos 70 anos de idade, havia produzido uma obra literária incomparável que lhe valeu o Prêmio Machado de Assis (1972) da Academia Brasileira de Letras (ABL), saudado como "índio sutil" por Jorge Amado naquela ocasião solene. Um ano mais tarde, com "cacos de índio" (fragmentos de cerâmica recolhidos do arrombamento de sítios arqueológicos); o padre Giovanni Gallo S.J, em Santa Cruz do Arari, diante do lago que foi berço da Cultura Marajoara de 1600 anos de idade, inventou o primeiro ecomuseu brasileiro, dando a este o significativo nome de O Nosso Museu do Marajó

o encontro destes dois grandes caciques marajoaras deverá ser lembrado quando se der o primeiro passo efetivo para criar o Ecomuseu dos Sapararé, na Vila de Benfica, terra natal do "Major Alberto", do romance seminal Chove nos campos de Cachoeira; aliás Alfredo Nascimento Pereira, pai do maior romancista da Amazônia.




Nesse momento se espera que uma criança eleita pela comunidade de Benfica, representando todas crianças do mundo; plante a muda simbólica de Cueira (Crescentia cujete) - árvore ancestral da ecocivilização amazônica -, por acaso preparada pela EMBRAPA e ofertada de maneira singela pelo projeto ALDEIA MARAMBAIA - Ecoterapia Comunitária . Nossos corações e pensamentos deverão se unir na recordação do encontro virtual entre o padre dos pescadores e o índio sutil na correspondência fiel de Maria de Belém Menezes. 

Desde esta hora em diante, a leitura da obra de ambos caciques marajoaras poderá ser facilitada através da prática da rede amazônica de ecomuseus e museus comunitários integrada a atividades escolares de Cidades Educadoras a partir da fecunda experiência do Ecomuseu da Amazônia.  

Cada um de nós nesta comunidade viemos de longe e já demos muitos passos e muitas remadas, lembrando esse empolgante Projeto Sapaparé, do Distrito de Benfica (Benevides). A fim de integrar novas energias na velha Aldeia dos Sapararés. Estamos juntos em bom caminho, com certeza! Mas, de nada valeria desenterrar o passado distante se este exercício não fosse destinado a encontrar tesouros verdadeiros para o bom futuro das nossas crianças. 

O que nos sugere o encontro extraordinário de Dalcídio Jurandir (Ponta de Pedras, 1909- Rio de Janeiro, 1979) e Giovanni Gallo (Turim, 1927 - Belém, 2003) na correspondência da filha do poeta fundador da Academia do Peixe Frito, Bruno de Menezes (Belém, 1893 - Manaus, 1963):

"Como me vejo em Marajó, como me vejo entre os mururés gordos lambendo os esteios da nossa casa cercada de água. A foto das crianças de Jenipapo me comove, são meus netos marajoaras (grifei), alegres apesar da miséria, apesar da dura condição em que vivem". (Marajó, A ditadura da água, Giovanni Gallo: 2ª edição, Edições "O Nosso Museu", Santa Cruz do Arari - Pará, 1981).


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