FOLCLORE MARAJOARA: O DIA QUE A SAFRA DE AÇAÍ PRETEJA.

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Céu e inferno

Omar Kháyyám 

(poeta, matemático e astrônomo persa dos séculos XI e XII). 



"Além da terra, além do infinito, eu procurava em vão o céu e o inferno. Mas uma voz interior me disse: O céu e o inferno estão em ti mesmo."

Diz-que, no dia 24 de agosto o Berto está solto pela mata e vem mijar nos pés de açaizeiros na varja para o açaí pretejar por igual no açaizal. É uma lenda antiga que até hoje se repeita.

Ai de quem desrespeitar o velho costume! Pois, neste caso, o tal de Berto é o Diabo, o Cramunhão, o coisa ruim... Que Deus nos livre, cruz credo. Caboco fica em casa metido na rede, a mulher esconde faca, machado, terçado ou todo outro objeto cortante de alcance dos curumins... No dia no Berto não se trabalha de maneira nenhuma: a espingarda panema fica guardada longe dos cartuchos. Tudo isto para evitar acidentes fatais.

Em compensação o Tinhoso vagueia pelo açaizal mijando nas touças de açaizeiro (Euterpe oleracea). Deste dia em diante até dezembro a safra fica com açaí nos cachos, pretinho pretinho... Sinal de que está tuíra, no ponto. Eu acho esperta uma gente que encende uma vela a Deus, tira folga do serviço e bota o Diabo pra trabalhar.

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