AJURICABANO: revitalizar o patrimônio pelo casamento da cidade com o rio.


Chalé Tavares Cardoso, na Vila do Pinheiro (Icoaraci)



A BOA NOVA DA MANHÃ


Pelo Facebook fiquei sabendo que já começaram trabalhos de restauro do Chalé Tavares Cardoso, de Icoaraci - Belém - Pará [ver http://uruatapera.blogspot.com.br/2016/08/chale-tavares-cardoso-em-restauro.html ]. Bom dia, deveras. 

Rápido no teclado, provoquei o ajuricabano -- coletivo de ajuricabas e novos cabanos -- sobre o que se poderia fazer com o Chalé se e quando as obras ficarem prontas. Amigos e amigas do patrimônio do Pará andam desanimados com o clima de decepção que restou dos 400 anos de Belém do Grão-Pará: se para sempre é horrível lembrar o triste fim do Grande Hotel, ver prédios históricos virar ruína a cada dia que passa só faz aumentar a tristeza da belle époque perdida. Pior, entretanto, são casos como o do Palacete Pinho que restaurado depois de muito tempo e dinheiro gasto voltou a se deteriorar sem uso e já foi roubado em seus ornamentos.

Como prevenir que a obra anunciada não venha a sofrer a síndrome do Palacete Pinho ou, pior, morrer na beira da praia como sucedeu ao Solar da Beira? Pensei, então, de alinhavar ideias servindo para esboço compartilhado com amigos que queiram aprofundar o debate. 

O Distrito de Icoaraci, no Município de Belém, é como se fosse de fato o 17º município marajoara (ou talvez 18º, se levarmos em conta que, apesar do IBGE excluir Oeiras do Pará da mesorregião Marajó, este é um município histórico tão marajoara como qualquer outro da microrregião de Portel), não só pelo expressivo número de habitantes egressos das ilhas do Marajó residentes na "Vila Sorriso", como principalmente pela relação histórico-geográfica existente entre as duas margens da baía. E, sobretudo, a indústria de artesanato e arte marajoara que se instalou neste distrito ribeirinho da Capital interligado às ilhas do delta-estuário do Rio Pará.

Diante disto, parece oportuno adotar o projeto de revitalização do Chalé Tavares Cardoso para experimentar uma nova abordagem de participação comunitária sobre o uso de obras de restauro patrimonial. Deste modo, um chamado público da autoridade competente daria publicidade à obra licitada convidando parceiros a colaborar na futura utilização do bem. 

Uma sugestão especial em direção aos próximos gestores eleitos em Belém e no Marajó, estes últimos através da Associação dos Municípios do Marajó, prevendo possibilidade do novo Chalé Tavares Cardoso vir a dar espaço a atividades educativas socioambientais integradas em matéria patrimonial, biodiversidade e cultura popular. 

A atuação do Ecomuseu da Amazônia, com sua base vizinha a Icoaraci na Escola Bosque Eidorfe Moreira, na ilha de Caratateua; envolve Icoaraci, ilhas do Mosqueiro, Cotijuba, Jutuba e outras. Com a supracitada parceria, aqui sugerida, poderia emprestar experiência internacional e nacional ao projeto inaugurando extensão da Fundação Escola Bosque Eidorfe Moreira para todas 39 ilhas do arquipélago do Guajará (pertencentes aos municípios do Acará, Barcarena e Belém), inclusive a Área de Proteção Ambiental Ilha do Combu. 

Além das populações insulares do Guajará, cerca de 500 comunidades ribeirinhas do maior arquipélago fluviomarinho do planeta, através dos respectivos municípios, poderiam ser beneficiadas pelo serviço extensionista aventado do novo Chalé. O Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari, seria em meu ponto de vista, parceiro prioritário. Uma amostra permanente deste museu poderia ser instalada no Chalé Tavares Cardoso e, reciprocamente, o Ecomuseu da Amazônia poderia levar algumas de suas atividades à ilha do Marajó em parceria com o museu de Cachoeira do Arari. 



O MUSEU DO MARAJÓ fundado em 1972 por Giovanni Gallo: primeiro ecomuseu amazônico (cf. Revière e Verine) -- Exposição fotográfica de Luiz Braga (julho 2016), anexo Fazendola, Cachoeira do Arari - Marajó - Pará.



Destarte, o novo Chalé retomando antigas funções acrescentaria novas. Como, por exemplo, oferecer cursos livres específicos para sua área de atuação podendo conveniar-se com terceiras instituições públicas e privadas, nacionais ou internacionais. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) me parecem óbvios para uma programação conjunta relativa ao espaço urbano e fluvial. 

Metodologia de ensino à distância adaptada às populações ribeirinhas do estuário amazônico poderão ser a grande meta do projeto de revitalização do Chalé Tavares Cardoso. A ver os candidatos dispostos a assumir compromisso a respeito do assunto.




Escola Bosque Eidorfe Moreira (ilha Caratateua), ECOMUSEU DA AMAZÔNIA


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