CÍRIO DE NAZARÉ: NATIVIDADE DA AMAZONIDADE.



FONTE DE AMOR É DE FÉ, 
DAI-NOS A BÊNÇÃO BONDOSA
SENHORA DE NAZARÉ



Eu que não creio peço a Deus por minha gente, a gente humilde: Criaturada grande do grão Pará. Estou pensando em Chico para apontar a Francisco: este em nome do filho de Maria de Nazaré com o "Evangelho da Alegria" em mão e aquele com seu violão e a canção "Gente Humilde": ambos a me fazer falar do índio sutil Dalcídio como eu poderia falar de Atahualpa ou do preto meu compadre e mestre Manduquinha, parafraseando Drummond sobre a inclemência da chuva e do tempo... 

Admirável carnaval devoto que mistura muita coisa do mato e d'além mar. Caminhada transcontinental onde crentes e descrentes tiram chapéu à alma simples do Povo Paraense -- não disse Javé ao profeta Samuel que a voz do povo é a voz de Zeus, digo Deus? Queria o antigo povo da Bíblia um rei e os brasileiros agora presidente ou presidenta, contanto que cuide bem da gente humilde deste país sempre do Futuro -- com respeito à memória dos cabocos representados pelo devoto Plácido: primeiro passo do Círio da Virgem de Nazaré às margens plácidas do igarapé tributário do grande rio das Amazonas, que um dia foi terra Tapuia conquistada através do Maranhão por arcos e remos da brava nação Tupinambá, em busca canibalesca da utopia do paraíso na terra (Yvy Maraey, terra sem mal). 

Que mais os bárbaros queriam que não fosse o tanto que os civilizados buscam hoje em dia? Uma Terra sem males, sem FOME, TRABALHO ESCRAVO, DOENÇAS, VELHICE E MORTE. Utopia mãe de todas utopias humanitárias do mundo. Então, por que matar, despedaçar, desprezar e silenciar (como gritou Las Casas) os Povos Originais das Índias Ocidentais?

Por obra do acaso ou da divina providência (que sei eu?) a utopia dos índios casou-se à utopia evangelizadora da "História do Futuro", com o sebastianismo encoberto ou heresia judaizante do padre grande Antônio Vieira em busca contraditória da justiça e da paz mundial entre cristãos, judeus e muçulmanos no "Reino de Cristo consumado na terra"... E pensar que o "imperador da língua portuguesa" deu primeiro grito da sua heresia judaizante em Cametá (Pará), em abril de 1659, meses antes de concertar a paz de Mapuá, com os rebeldes Nheengaíbas: com que o Pará restou seguro à posse de Portugal, para vir a Amazônia ser Brasil na adesão de Muaná (28 de Maio de 1823), antecedente à revolução paraense de 1835 a caminho da democracia popular que amanhece agora.

Então, duzentos e vinte dois anos depois do achado da Imagem santa 'eh vai' a Corda e a rainha da Amazônia em sua Berlinda, tão linda na música devota de Dominguinhos da Estácio; e já patrimônio cultural imaterial da humanidade declarado pela UNESCO ao maior evento de tolerância religiosa no Brasil e no mundo. 

Nossa senhora de Belém vai dentro da Barca dos Milagres, os anjinhos a remar... Rema rema remador que estas águas são de amor e dor misturadas no oceano da mestiçagem. Belém da Amazônia clama por uma boa renovação planetária das esperanças, suscitadas na década de 70; entre dores do crescimento econômico e terríveis ditaduras da Guerra Fria... 

Pelo amor de nossa mãe dos céus TORTURA NUNCA MAIS! Terror jamais. O amor é eterno enquanto dura, diz o poeta: façamos de cada minuto deste amor fraterno eternidade.

Amém. 







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