CULTURAS DE FRONTEIRA

Oyapoc

Aqui começa o nosso Brasil zil ypisilone
Fronteiras das Europas trasladadas por Colombo
Camopis salvados do rio Babel e refugiados d’El-Dorado
País de Ofir ofegante depois da travessia do Mar-Oceano
Turcos encantados vindos do reino da Guiné e do Mali
À modo a pé pelo fundo da Encantaria
Não ria deste rio, seu abestado diplomado!
Ele é caminho natural da roça n’América do Sol
Última fronteira dos cabanos da Terra mãe gentil
Arapari, país nativo sob a constelação do Cruzeiro do Sul
Universidade ameríndia da república de Cunani
No maior país amazônico do vasto mundo
Fronteira da Esfinge entre o fingimento e a veracidade
Divisor de águas entre o velho e novo mundos
Com todos contrabandos, falsificações, deuses e diabos
da História.

Aqui e lá no arroio Chuí pele do gigante
1001 culturas de fronteira: brincadeira e caso sério
Continente incontinente da memória do fogo
Feita em águas sobre pedras do sonho
Onde a cobra grande pariu quantidade de gente
Invenção das Amazônias e outras brasilidades
Além de cidades, campos, fábricas e florestas.

Caripunas fazendo a festa do Toré
Clarinete clarinada matinada tropicana
Paricúria relembrando cacicado de Anakayuri
Galibis entram na dança do peixe, a pirapuraceia
Antropofagia eucarística
Chegança dos Oyampis por via do Jary
Amapari pra rir e pra chorar
Transposição das montanhas Tumuc-Humac
Confluência do Maroni dos quilombolas com foguetes
E satélites de Kuru
Contravertentes da pisada do rio de Pinzón.

Vamos embora para o Rio que não é de janeiro
Fevereiro ou março, nem das amazonas
Velho rio-mar dos aruacos da primeira manhã
Do nosso Brasil brasileiro mulato inzoneiro
Desperta minha gente, olha o Cabo do Norte, aí!

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