CARTA ABERTA À CIDADÃ DILMA VANA ROUSEFF



Museu do Marajó - Cachoeira do Arari (PA), ilha do Marajó, Amazônia Marajoara.

S.O.S MUSEU DO MARAJÓ!


CARTA ABERTA

Excelentíssima Senhora Dilma Vana Rousseff,
Presidenta da República Federativa do Brasil:

Nós, na confraria de amigos da ACADEMIA DO PEIXE FRITO, nos dirigimos por este meio virtual revolucionário, de comunicação contemporânea do mundo sem fronteiras, a Vossa Excelência para chamar atenção da honrada Presidenta do Brasil sobre um, dentre 120 Territórios da Cidadania neste outro Brasil de pobre IDH; desconhecido da esmagadora maioria de estudantes e cidadãos indignados que marcham pelas ruas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasilia e outras cidades do país. O nome deste pobre território é Marajó. 

Todavia, por necessidade e acaso nos tornamos nesta "academia" na feira do Ver O Peso porta-voz da "Criaturada grande de Dalcídio" (população ribeirinha das ilhas do Pará e subúrbios de Belém) - na paisagem cultural Belém-Marajó -, representada na obra de Dalcídio Jurandir, Prêmio Machado de Assis de 1972. Portanto, nós desejamos, sobretudo, tocar à sensibilidade política da Cidadã guerreira Dilma, sem perder de vista a respeitada figura da Chefa de Estado Dilma Rousseff. 


A GENTE MARAJOARA QUER:

  • criação da Universidade Federal do Marajó, com estrutura multicampi em regime fundacional federativo atendendo a todos municípios do território da cidadania;
  • implantação e reconhecimento da área de proteção ambiental do arquipélago do Marajó como reserva da biosfera na lista do MaB/UNESCO;
  • redimensionamento do PLANO MARAJÓ tendo o Museu do Marajó como instrumento desenvolvimento socioambiental e plataforma de economia criativa.

Senhora Presidenta,

Existe, contraditoriamente, no maior arquipélago fluviomarinho do planeta um museu teimoso como o bravo povo brasileiro, certamente primeiro ecomuseu da Amazônia. O qual precisamente neste momento, sem reconhecimento e amparo oficial depois de muita luta da comunidade, está prestes a morrer na praia... (ver www.museudomarajo.com.br e ler "Cultura Marajoara" da arqueóloga gaúcha Denise Schaan, editora SENAC: Rio de Janeiro / São Paulo, 2010). 

Por causa deste museu marajoara, enquanto estudantes marcham pelas ruas das maiores cidades do país, na pequena cidade de Cachoeira do Arari, na ilha do Marajó, muitos cidadãos não compreendem por quê, face à surdez da burocracia e indiferença do IBRAM, notadamente; "O NOSSO MUSEU DO MARAJÓ" está a ponto de voltar às suas origens de "cacos de índio". 

Ou seja, fragmentos de um passado desmemoriado que restou dos saques e contrabandos de sítios arqueológicos, em meio à mais negra exclusão social, com que um padre insubmisso, italiano de nascimento e naturalizado brasileiro, inventou o sui generis museu.  Entretanto, como principal motor de desenvolvimento socioambiental da Amazônia Marajoara esta entidade local poderia vir a ser preparada pelo Ministério da Cultura a receber repatriamento de peças e coleções de cerâmica marajoara em programa de cooperação internacional sob chancela da UNESCO.


Como se pode ver, abaixo, cópia de mensagem da professora Maria José Conceição Gama, membro da diretoria do museu, diz através do Facebook, que ela perdeu o sono com mais uma crise do Museu do Marajó dentre outras tantas ao longo do tempo. Nós também estamos preocupados, não só pelo que se passa em Marajó e Belém, mas também pelos últimos acontecimento do país e do mundo. 

Acreditamos que, assim como a Professora Maria José (Zezé para seus amigos e conterrâneos) tem insônia em busca de solução para o Museu do Marajó, a Presidenta Dilma não dorme bem buscando a melhor maneira de levar todo povo brasileiro a avançar nos caminhos da democracia duramente conquistada. Por isto, não queremos desviar sua atenção sobre os graves problemas da nação a fim de tratar de um pequeno museu comunitário, naquilo que para a alta burocracia de Brasília pode parecer o fim do mundo. 

Mas, como a esperança venceu o medo, nós acreditamos que os caboclos marajoaras estão sim rompendo amarras e, se apesar de tudo ainda não puderam dizer pessoalmente à Presidenta seus anseios; já tem eles alguns amigos e parceiros que poderiam sem arruaça franquear as portas do Palácio do Planalto levando aos principais assessores da Presidência a lembrança de que o Presidente Lula veio aqui, em 2007, lançar o PLANO MARAJÓ e implantou este processo histórico que contou inclusive com destacada participação do Museu do Marajó.

É fato, infelizmente, que sofremos nos dois primeiros anos do governo Dilma uma parada de entusiasmo e que somente neste ano viu-se sinal de que o PLANO MARAJÒ poderá recomeçar a tomar pé.

Assim, como sempre, a gente escreve para todos e para ninguém: mas, como dizem os velhos caboclos, "Deus está vendo". Ou, pelo menos, a história da gente marajoara está sendo escrita pelas margens da História, para melhor juízo das futuras gerações. Quem sabe um dia, por acaso, o menino Gabriel, neto de Dilma Rousseff há de saber desta singela história e ficar mais orgulhoso de sua avó além de tantos outros méritos para tal? Colocar a Cultura Marajoara na cabeça e no coração dos brasileiros não seria a menor recordação de um mandato presidencial exitoso.

É certo que nossas tímidas mensagens ao Presidente Lula nunca foram lidas por ele pessoalmente, e nem poderiam ser, pois que sumamente ocupado por suas altas responsabilidades. Acreditamos que sequer o livro do padre Gallo, "Marajó, a ditadura da água", que os presentes ao fórum de 2008 do CODETEM em Soure autografaram para dizer Obrigado Presidente, dificilmente chegou às suas mãos. Na melhor das expectativas a lembrança escapou da lixeira na hora da mudança de Brasília e talvez foi repousar na biblioteca do Instituto Lula, em São Paulo. O que já seria, como se diz, uma lança em África... 

Mas, alguém em nome do Presidente tomou ciência. E alguma coisa aconteceu... Agora, é sumamente importante que tudo aquilo que passou, inicialmente no gabinete do ministro Gilberto Carvalho ao receber os Bispos do Marajó, e depois na Casa Civil com a então ministra-chefa Dilma Rousseff (Grupo Executivo Interministerial (GEI-Marajó), "Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó" (PLANO MARAJÓ), Território da Cidadania - Marajó) prossiga, doravante, com mais vigor na perspectiva geral do movimento que despertou o gigante adormecido.

Olha nós aqui, Presidenta, a Amazônia Marajoara também é Brasil! E o Museu do Marajó nos representa.

Desde a Revolução de 1930, esteve na ilha do Marajó a diretora do Museu Nacional, Heloísa Alberto Torres e voltou ela ao Rio de Janeiro anunciando (revista do SPHAN[IPHAN], 1937) estar na foz do maior rio do mundo o mais valioso tesouro arqueológico do Brasil. 

Desde logo com a criação do IPHAN travou-se uma luta inglória e desigual entre o barroco colonial e o barro dos primeiros dias da civilização indígena brasileira. Evidentemente, se Marajó é a máxima expressão artística brasílica pré-colonial, como de fato, um certo determinismo cultural parece gritar deleta Cultura Marajoara! 

Um complexo de inferioridade adquirido da ignorância dos nossos colonizadores manifestou-se na elite brasileira, envergonhada das Bandeiras genocidas que devassaram os sertões. Tanto quanto, donos do poder na República velha apagaram a "nódoa" da escravidão mandando queimar arquivos do Império.

Não admira que o desenvolvimento da Amazônia seja planejado como "ocupação" do espaço vazio, antes esvaziado de milhares de povos, línguas e culturas indígenas. A simplicidade engana, enquanto a diversidade e complexidade metem medo. O que significa a renascença da cultura marajoara  na emergência do Brasil plural nesta hora de mudanças aceleradas em todo mundo?

Como observou em artigo magistral o cientista político português Boaventura de Sousa Santos, existem dois Brasis. Um que está na ordem do dia e o mundo inveja. E o outro Brasil, furtivo, esse que está desordenado quebrando e incendiando símbolos augusto da pátria e contrapondo-se à consagrada ideia clássica do "brasileiro cordial". 

O mesmo se pode dizer da existência de dois Marajós: um que é a imagem do paraíso perdido e outro o inferno verde...

Já falamos demais. Devemos ajudar a professora Maria José a encontrar solução para o Museu do Marajó chegar a ser aquilo que Giovanni Gallo sonhou. Trata-se de um pequeno museu comunitário sendo potencialmente núcleo de um grande ecomuseu cobrindo 2500 ilhas e 16 municípios do maior arquipélago fluviomarinho do planeta, situado no delta-estuário do maior rio da Terra.

Por que sofrer complexo de viralata em meio a tamanha grandeza amazônica? Desperta meu Brasil!

ANEXO mensagem pelo Facebook

bom dia amigos! ainda é cedo mais essa
noite dormi muito pouco e resolvi compartilha minha preocupação com vocês ,sou voluntaria e membro da diretoria no MUSEU DO MARAJÓ ,que é uma associação sem fins lucrativos e que recebemos inadimplente com o ministério da cultura,e com isso não está podendo participar de projetos ,e hoje depende apenas de recursos da arrecadação de visitantes,mensalidade de sócios que pagam quando querem e a oficina do museu que presta alguns serviços pra comunidade e entra alguma coisa,e como toda instituição temos deveres todos os meses a pagar ,já solicitamos ajuda estadual e municipal e até agora não tivemos retorno a situação tá preocupante e tirando o sono de quem se preocupa com esse rico patrimônio, como se não bastasse a despesa com advogado que tivemos que contratar para responder junto ao mic,agora parte do muro que cerca o prédio veio abaixo ,e infelizmente parece que o nossos governantes não querem nem saber , esse descaso não é de hoje .o Gallo mencionou em um de seus relatos que mesmo sendo o museu este rico acervo valia menos que um time de basquete.as obras do gallo que poderiam está ajundando na manutenção do museu não podemos editar pois o ex- tesoureiro do museu afirma que os direitos autorais de todas é seu e que o gallo deu em vida a ele .estamos lutando para manter omuseu vivo e digno de ser
visita e vale ressaltar que o museu trabalha também com crianças e adolescentes hoje temos 65 alunos matriculados na escola de música do museu divididos em turmas de flauta doce e instrumento de corda e a luta não tem sido fácil. é ou não é de tirar o sono ísso porque tenho interesse por ele, agora quem tem dorme tranquilo,

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