Norte destino: caminho do Maranhão, caminhos da liberdade.

Antigo Engenho Santa Sofia no centro de Benevides
Casa-grande do antigo Engenho Santa Sophia, na outrora colônia de Benevides, um dos tantos que ficavam às margens da Estrada de Ferro de Bragança. Atrativo histórico da cidade de Benevides, na avenida Paul Begot a cerca de duzentos metros da antiga Estação Ferroviária de Benevides fazendo parte da Rota Turística Belém - Bragança.


CEARÁ E PARÁ UNIDOS PELA UTOPIA DA TERRA SEM MAL CONTINUADA PELOS RETIRANTES DAS SECAS E DA LUTA DA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA.

Faltando cinco dias para os 400 anos de Belém ao completar 181 anos daquela revolução de 1835 das classes miseráveis às margens da História, a par das sete guerras da Regência, a Cabanagem cujos antecedentes vem de muito longe e de fora com suas graves consequências em curso no processo democrático do presente e do próximo futuro. Eis que é tempo de visitar a paisagem cultural e indagar dela como foi que o tempo, em forma de gente; caminhou nestas paragens, donde veio este povo e aonde ele vai agora.

Devemos estar lembrados da memorável campanha abolicionista de Benevides - segunda comunidade brasileira depois de Fortaleza (CE) a declarar a libertação dos escravos antes da famosa Lei Áurea - pela união de imigrantes estrangeiros e retirantes cearenses na Colônia de Benevides. Saber que o combustível revolucionário da Cabanagem sempre foi o anseio de liberdade dos escravos e o ideal da República: aqui o cearense Vicente Ferreira Lavor Papagaio se destacou com a Sentinela Maranhense na Guarita do Pará e outro cearense Eduardo Nogueira Angelim, terceiro presidente cabano; convocou os "filhos de Ajuricaba e dos Ingaíbas" a lutar contra o governo imperial despótico. 

As últimas revelações dos documentos ingleses sobre a Cabanagem, mantidos secretos até recentemente; não deixam dúvida da deliberada intenção do governo do Império do Brazil em massacrar os cabanos do Pará recorrendo a Inglaterra e França para colaborar nessa finalidade. Ao mesmo tempo, o Império dava tratamento diferenciado aos federalistas da República Juliana (Santa Catarina) e da República Rio-Grandense, quando historiadores conservadores insistem até hoje em justificar o genocídio dos cabanos sob suposto argumento do separatismo republicano. 

Na verdade, o que assombrou os escravagistas daquela época foi medo de contágio da revolução dos escravos do Haiti através de tropas paraenses de ocupação de Caiena (1809-1817). A tropa paraense era formada de tapuios, cafuzos e cabocos em geral: nos oito anos que lá permaneceram estacionados se acamaradaram com os crioulos a tal ponto que, reza a lenda; quando os brasileiros retornaram a população local chorava como se fosse a partida de parentes... Que de fato era, ainda nos anos finais da década de 80 o Grande Oriente da França patrocinou um seminário para debater o problema da imigração transfronteiriça na Guiana francesa e velhos crioulos se manifestavam a favor da presença de seus "primos brasileiros" naquele território colonial europeu. 

Como se recorda, a ocupação de Caiena foi um movimento preventivo anglo-português temendo invasão do Amapá e Pará pelo imperador Napoleão na sequência da invasão de Portugal que determinou a fuga da Família Real para o Rio de Janeiro (1808). Tão logo o conflito entre a França e a Inglaterra se resolveu pela derrota de Napoleão Bonaparte, o Congresso de Viena de 1815 restabeleceu o status quo europeu antes. E assim voltaram para casa os paraenses, não sem ideias da República e a notícia retumbante da revolução dos escravos do Haiti. O que explica a diferença de tratamento a respeito de cabanos e farrapos, por exemplo. E mesmo no que diz respeito à Farroupilha a traição dos lanceiros negros em Porongos num suposto conluio entre o Duque de Caxias e o republicano Davi Canabarro empana a biografia do Pacificador: a sombra do Haiti agitava as senzalas e infundia medo à casa-grande em todo o continente americano.

O Império do Brazil, sob protetorado não declarado da Inglaterra e consentimento tácito da monarquia de Portugal dependente; foi uma barragem geopolítica à independência americana e às repúblicas latino-americanas: não por acaso, a Lei Áurea (1888) levou imediatamente à queda do Império e à proclamação da primeira República (1889), que não era lá muito diferente do regime monarquista afinal de contas. Só aos cem anos da "independência", em 1922, o Brasil começou de fato a fazer valer a Independência com o movimento tenentista nos quartéis e a Semana de Arte Moderna nos meios acadêmicos. 

Nenhum acontecimento histórico ocorre por geração espontânea nem se manifesta de repente. Na verdade, leva muito tempo para atingir seu clímax: mesmo um sismo demora a mostrar seus efeitos devastadores na superfície enquanto nas entranhas da terra forças subterrâneas pouco a pouco urdem o desastre. As grandes tragédias humanas levam muitas gerações de pequenas e grandes injustiças acumuladas até a última gota transbordar. No caso da Cabanagem se combinaram como o fogo e a pólvora a pobreza e a exploração do homem pelo homem. Consequentemente, com a destruição das Índias ocidentais os índios se fizeram rebeldes valentes tais como Hatuey e Guamá desde Cuba e ainda na África os guerreiros jagas e bijagós começaram a levantar quilombos que, nas Américas, se tornariam a cabanagem geral.

Recém chegado ao Caribe, em 12 de outubro de 1492, Cristóvão Colombo começou por escravizar os Tainos no Haiti, donde o cacique Hatuey - o primeiro rebelde da América -, os levantou em armas iniciando a guerrilha em Cuba no ano de 1515, sucedido dez anos mais tarde pelo cacique Guamá, que emprestou seu nome ao bairro Guamá de Santiago de Cuba e ao Parque Nacional de Guamá. Curiosamente, nós temos em Belém o bairro do Guamá e o rio Guamá que nasce no Nordeste Paraense formando a península de Belém com a baía do Guajará. Segundo o geógrafo Armando Levy Cardoso, na obra Toponímia Brasílica; o rio da Cidade tem seu nome derivado do cacique dos Aruã e Mexiana, Guamã; envolvido com o tráfico de escravos nas Guianas que, em 1723, assaltou a aldeia dos Murubiras e foi buscado vivo ou morto pela tropa de guarda-costa comandada pelo sargento-mor Francisco de Mello Palheta. Este não trouxe o cacique bandoleiro, porém trouxe o café furtado de Caiena. E tudo isto para lembrar que o piloto de Colombo, Vicente Yañez Pinzón, em janeiro de 1500, assaltou uma aldeia de Marinatambalo [Marajó] donde levou para Hispaniola (Santo Domingo e Haiti) os 36 primeiro "negros da terra" (escravos indígenas) da América do Sul...

Por ironia da história, a primeira Cabanagem começou no dia 7 de janeiro de 1619 com o ataque de Cabelo de Velha ao forte do Presépio, três anos apenas depois da fundação de Belém e se alastrou pelo Caminho do Maranhão até Cumã passando para São Luís com os índios tupinambás revoltados pelos roubos e violências que lhes faziam os portugueses. Por vingança - a religião natural dos Tupinambás - os guerreiros mataram cerca de uma centena de colonos, pobres dos Açores enganados com a promessa do paraíso na terra dos Tapuias. Em represália, os colonos chefiados pelo genocida Bento Maciel Parente e Pedro Teixeira exterminaram mais de 100 mil tupinambás, segundo relato de Simão Estácio da Silveira. Um dos mais interessados em povoar o rio Amazonas com casais açorianos. A história da invenção da Amazônia (Maranhão e Grão-Pará) é longa e complexa.


O célebre reacionário Gustavo Barroso, em "História Secreta do Brasil" (vol. III); destrata a Cabanagem fazendo coro com o pensamento fascista predominante em certa historiografia oficial. Malgrado seu pensamento retrógrado ele deixa entrever dados interessantes, como por exemplo, a respeito do panfleto de Vicente Ferreira Lavor Papagaio, a "Sentinela Maranhense na Guarita do Pará" revelando sem querer a função histórica do Maranhão fazendo elo entre a Amazônia e o Nordeste: a invenção da Amazônia aconteceu como resposta da União Ibérica (1580-1640) à infiltração holandesa e ocupação da França Equinocial se consolidando durante o tempo do estado do Maranhão e Grão-Pará (1621-1751), separado do estado do Brasil. 

Diz ele, "O título recorda o daquela maçônica "Sentinela da Liberdade à beira do mar da Praia Grande refugiada em Buenos Aires", do aventureiro internacional Grondona, que desancava D. Pedro I. Em 1830, no mês de março, quando se preparava no Sul a agitação que determinaria a guerra civil mais tarde, surgira; depõe Aurélio Porto, a "Sentinela da Liberdade na guarita ao norte da barra de São Pedro do Sul". Todos esses nomes revelam a mesma inspiração... Tanto o rumo que fôra traçado ao Papagaio nos bastidores era diverso do do cônego, que o jornaleco imundo começou a desmoralizar o sistema monárquico, a atacar a Regência e a excitar os furores da plebe. Raiol reconhece que a subversão da ordem pública "parecia ser a mira de Lavor Papagaio." Veio a reforma constitucional, recebida com grandes aplausos no Pará a 10 de outubro de 1834. Houve girândolas, festas e vivórios. O Papagaio esganiçava-se a berrar: — "Viva a Federação Republicana!" (frisei) Sintomático. Tal viva estava em desacordo com as assoalhadas tendências de restaurador de Batista Campos. A 13 de outubro, quando o presidente passava pela rua onde este residia, o foliculário esgüelou-se de uma janela: — "Viva a Federação Norte-Americana Brasileira!". O brado é digno de nota. Que ligação, a não ser judaico-maçônica, poderia ter os sucessos do Pará com os Estados Unidos? Que liame oculto seria esse da revolução que ali se tramava com a poderosa república do Norte? Não esqueçamos os fios que ligavam à América do Norte Pais de Andrade e os revolucionários da Confederação do Equador, que Inocêncio da Rocha Galvão, eleito presidente da mortinata república da Sabinada, na Bahia, estava nos Estados Unidos e que dali viera um dos mais influentes personagens da cabanada [nota do blogueiro: não confundir com a Cabanagem, a Cabanada foi o movimento precedente em Alagoas e Pernambuco, deu nome à revolução paraense segundo Basílio Magalhães], como verificaremos adiante. Dá que pensar... Com- preende-se, pois, que o cônego vai ser simplesmente joguete de acontecimentos, cujo encadeamento lhe escapa e foram preparados pelas próprias forças que pensava combater."

Gustavo Barroso via complô judaico por todos os lados: estava mais para o preconceito "civilizado" que diz que o índio vê a árvore, mas não vê a floresta. Ledo engano! Quem não vê as sutis interações entre a história e a natureza são historiadores idealistas e quem exclui o povo de sua própria História são imperialistas loucos para dominar o mundo, que não enxergam a luta de classes desde o surgimento dos primeiros reinos da Terra. No entanto, do argumento do próprio acusador se vê a combustão humana planetária de uma humanidade oprimida por potências coloniais caducas e, portanto, a saída só podia ser a República federativa que a independência norte-americana apontava aos próprios sans-cullote da Revolução francesa. Neste contexto, "sociedade secretas" eram certamente a estratégia de autodefesa requerida por minorias revolucionárias. Embora, mortos os cabanos amazônidas e nordestinos, os sabinos, balaios, malês e farrapos catarinenses e gaúchos - os derrotados do Império - são vitoriosos por seus descendentes na República cidadã de 1988 ainda em processo de empoderamento democrático. Isto que é a Cabanagem de nossos dias.

Estamos lembrados que a Maçonaria e a Igreja Católica estavam implicadas no pacto conservador do Trono e o Altar, por fim divididas entre os dois lados em luta em toda a América independentista. Maçons monarquistas como José Bonifácio e republicanos como Gonçalves Ledo eram rivais inconciliáveis; Batista Campos suspeito de republicanismo pretendeu ser admitido na loja Tolerância, ninho monarquista; mas recebeu voto contrário do padre e maçom Gaspar Queiroz que denunciou a suposta inclinação do Cônego pela Confederação do Equador. Com a morte do líder popular perseguido pelo governo imperial ao abandono nas matas de Barcarena, deu-se o estouro dos cabanos e significativamente a loja maçônica "Tolerância" (sic) foi com o palácio do governo um dos primeiros alvos de ataque. 

 A ANISTIA E CONTINUAÇÃO DA LUTA DOS ESCRAVOS

É claro que a guerra civil de 1835 não acabou imediatamente com a rendição das lideranças revolucionárias e a anistia de 1840. Detalhe importante: o presidente Bernardo de Souza Franco, primeiro paraense a ocupar a chefia do governo da Província; esteve preso entre outros paraenses suspeitos de oposição ao poder imperial. Ao reabilitá-lo após a trágica intervenção do general Andrea o governo do Rio de Janeiro estava dando um passo atrás. Por que não antes Souza Franco foi lembrado para exercer a função de pacificador? O problema de 1835 tem explicação na atuação destrambelhada do mercenário inglês John Pascoe Greenfel em 1823, conhecida como a Tragédia do Brigue Palhaço. O discurso de posse de Souza Franco revela que o interior da Amazônia continuava em guerra civil ao contrário do que se propala. Se ele houve capacidade de pacificar a província depois de quatro anos de luta armada, donde 40 mil mortos numa população de 100 mil habitantes; por hipótese poderia tê-la evitado. Portanto, resta provado que o verdadeiro problema estava no Rio de Janeiro e não no Pará exatamente. Como se deduz da reunião secreta do regente Diogo Feijó e os embaixadores da Inglaterra e da França para eliminar os cabanos paraenses.

Ademais, como bem explicou Vicente Salles no magistral "O negro no Pará" a Cabanagem de 1835 foi derrotada pelo próprio presidente cabano Eduardo Angelim ao mandar fuzilar escravos sob contraditório argumento deles serem acusados, sumariamente já se vê, de assassinato de seus senhores... Na realidade, um passo em falso do destemido líder cabano na tentativa de se recompor com a elite regional e buscar negociar com o Império. Debalde, pois viu-se que a missão secreta do general Soares de Andrea era a eliminação dos cabanos, como fica patente dos documentos ingleses sobre a Cabanagem. E o caso fica transparente depois da anistia de 1840, quando a economia amazônica devastada reclama nova força de trabalho e se abre a imigração donde as secas do Nordeste cumprem importante papel e a vinda de estrangeiros leva à colonização do Nordeste Paraense, mais conhecido como a região Bragantina. O trabalho escravo, pois, é a pedra no caminho da invenção da Amazônia.

A pesquisa de Claudia Maria Fuller, Mestre em História Social pela UNICAMP, "Os Corpos de Trabalhadores e a organização do trabalho livre na província do Pará (1838 -1859)", abre importante pista dos verdadeiros motivos de luta dos cabanos e a evolução econômica regional pós-cabanagem de 1835-1840. Trata-se da tentativa de construção de um mercado de trabalho livre, mediante repressão da vadiagem na província do Pará após a Cabanagem, por recrutamento compulsório de mão de obra para servir os Corpos de Trabalhadores. 

Assim como o Iluminismo europeu se abateu nas colônias com novas formas de dominação no século XVIII, as revoluções industrial e social do século XIX levando ao mundo bipolar competitivo entre a França e a Inglaterra, geraram fortes contradições nas periferias do sistema imperial. Na Amazônia, periferia da Periferia do sub-império brasileiro vimos a adesão do antigo estado colonial do Grão-Pará e Maranhão (Amazônia portuguesa) ao regime neocolonial do Rio de Janeiro. Esta adesão tumultuada termina com a guerra civil de 1835-1840 e se debate para soerguer a sociedade e economia paraense até nos dias de hoje.


A força de trabalho na Amazônia, apesar da escravidão africana, não deixou de lado a população indígena ou mestiça mesmo à força, nos quadros da produção para o mercado. Não constituía novidade a servidão de índios e mestiços para a prestação de trabalhos obrigatórios, entre 1838 e 1859, na prática dos
Corpos de Trabalhadores, instrumento de coerção ao trabalho de “índios, mestiços e pretos não escravos” e sem propriedades ou ocupações reconhecidas como constantes. Instituídos no contexto da repressão ao movimento cabano, os Corpos de Trabalhadores tinham sua existência justificada pelo intuito de evitar que houvesse “vagabundos e homens ociosos” na província. Neste sentido, ver também trabalhos que analisam o Diretório Pombalino. Entre outros: MOREIRA NETO, Carlos Araújo. Índios da Amazônia: de
maioria a minoria (1750 -1850). Petrópolis: Vozes, 1994; BRITO, Cecília Maria Chaves. “Índios das ‘corporações’: trabalho compulsório no Grão-Pará no século XVIII”. In: ACEVEDO
MARIN, Rosa E. (org.). A escrita da história paraense. Belém: NAEA/UFPA, 1998, pp. 115-137; ALMEIDA, Rita Heloísa de.
O Diretório dos Índios: um projeto de ‘civilização’ no Brasil do século XVIII. Brasília: Editora UnB, 1997.
Os chamados Corpos de Trabalhadores, rebento tardio do 
lupemproletariado parido do Diretório dos Índios (1757-1798) foi
instituído por Francisco José de Souza Soares d’Andrea, Presidente e
Comandante de Armas da Província do Pará, em 25 de abril de 1838, 
autorizava o governo a estabelecer em todas as vilas e lugares os 
Corpos de Trabalhadores, divididos em Companhias ligadas às
localidades, formados a partir do recrutamento de “índios, mestiços e 
pretos” que não fossem escravos.

Herculano Ferreira Penna, Presidente da Província do Grão Pará dirigindo-se à Assembleia Legislativa
Provincial, na abertura da Sessão Extraordinaria do dia 8 de março de 1847; declara que cada localidade deveria ter a sua Companhia de Trabalhadores. O conjunto das Companhias de uma
determinada área formava um Corpo de Trabalhadores. Havia nove Corpos de Trabalhadores na província, cada um dos quais ligado a um dos nove Comandos Militares em que o Pará fora dividido em 1837, após a desarticulação da Guarda Nacional. Os Comandantes Militares eram também comandantes dos Corpos, e cada Companhia, dividida em Esquadras, possuía uma organização militarizada, sendo comandada por um Capitão, assessorado por um Sargento de Trabalhadores e por Cabos de Esquadra. O último degrau dessa hierarquia era ocupado pelos trabalhadores alistados (também chamados muitas vezes de praças). Sobre o regulamento do Corpo de Trabalhadores, ver: SILVEIRA, Ítala Bezerra da. Cabanagem, uma luta perdida. Belém: 
Secult, 1994, pp. 241-242.

Portanto, a ideia-força dos cabanos era sem dúvida a abolição da 
escravidão: herança do antepassado Tupinambá com a sua utopia
selvagem descendo o Peabiru em busca da yby marãey (terra sem mal)
um paraíso terreno onde não existe fome, escravidão, doença, velhice e
morte... Em Jaguaribe (Ceará) o aventureiro cristão-novo Martim Soares
Moreno fingindo ser caraiba conquistou amizade do cacique Jacuúna e se
casou com a sua filha Paraguassu, levando os cunhados contra os franceses
no Maranhão, onde o próprio Martim Soares foi capitão-mor da capitania
de Cumã. Deste casamento inventou-se a Amazônia. E quanto anistia
da Cabanagem requereu os Corpos de Trabalhadores antes que a Princesa
Isabel assinasse a Lei Áurea, já o Ceará havia abolido a escravidão e
os cearences da Colônia de Benevides, no Pará, entraram na luta
abolicionista enfrentando a repressão na província até ver abolida a
nefanda instituição que foi a causa primordial das sete guerras da Regência.


para saber sobre a história abolicionista de Benevides (Pará), leia:
http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=144
e http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=143




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